“Os serviços têm sido cumpridos pelos enfermeiros, isso tem permitido que, grosso modo, façamos metade das cirurgias previstas por dia”, contou Dias Alves.
As cirurgias estimadas por dia rondam as 100, tendo o hospital conseguido fazer cerca de 50, disse.
Contudo, Dias Alves realçou que em seis dias “perdeu-se a possibilidade” de realizar 300 operações a doentes que careciam delas, mas que não foram intervencionados porque não cumpriam os critérios de serviços mínimos.
A greve é “muito grave” e provoca “consequências muito nefastas” nos doentes e no Serviço Nacional de Saúde (SNS), causando um “grande impacto” na saúde e qualidade de vida das pessoas, referiu.
O presidente considerou até haver um "nítido" aumento do “risco de incapacidade e até de morte”, apelando a um entendimento entre as partes.
Além disso, esta greve vai afetar de uma maneira “incomensurável” as pessoas mais pobres porque não têm acesso a sistemas alternativos ao do SNS, entendeu.
Outra das consequências apontadas pelo presidente assenta nas “confluências negativas” que poderá ter e vir a ter nas equipas cirúrgicas e isso é “mau” porque a saúde exige um trabalho em equipa.
No início da semana, o presidente da secção regional Norte da Ordem dos Médicos, António Araújo, revelou que os serviços mínimos não estavam a ser cumpridos nos centros hospitalares do Porto e São João e no hospital de Vila Nova de Gaia.
A título pessoal, e à parte do cargo que assume, Dias Alves diz-se “surpreendido” pelo facto da greve afetar apenas o SNS e não o privado.
E apesar de compreender que os profissionais querem sempre melhores condições de trabalho e remunerações, apela a uma reflexão sobre a capacidade ou não de Portugal em assumir mais encargos, recordando que se viveram tempos complicados com a `troika´.
O Sindicato dos Enfermeiros (SE) e o Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem (SIPE) anunciaram hoje um pré-aviso de greve de zelo, com início em março, reivindicando a reabertura da renegociação do Acordo Coletivo de Trabalho.
Esta segunda fase de greve começou há uma semana e devia prolongar-se até ao final do mês em dez centros hospitalares.
No final do ano passado, uma greve de mais de um mês nos blocos operatórios de hospitais públicos levou ao cancelamento ou adiamento de mais de 7.500 cirurgias.
Segundo os presidentes da ASPE e do Sindepor, os principais pontos que separam Governo e sindicatos são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base dos enfermeiros.
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