“Milhares de pessoas ficaram de fora” das ajudas do Estado “por causa da trapalhada no processo de apoio efetuado pelo Ministério da Agricultura”, refere o MAAVIM num comunicado, através do qual também a ação do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, nesta matéria.
O movimento presidido pelo empresário Fernando Tavares Pereira, que assina a nota, afirma que, “por mais que” Capoulas Santos “queira passar outra imagem, o território afetado em outubro não é igual” ao de Pedrógão Grande e concelhos vizinhos devastados pelo incêndio de 17 de junho.
“Os milhões de cortes efetuados nas candidaturas simples devem ser publicados também, para que as pessoas saibam os cortes que tiveram, bem como ser apresentado um meio para reclamação, que não existe até ao momento”, defende.
A publicação dos apoios é necessária “para que todos os portugueses saibam quem estão realmente a ajudar com os seus impostos”, sublinha.
“Continua também no terreno o corte desenfreado de floresta, decorrente da má comunicação” do Ministério da Agricultura e estão a ser efetuadas “plantações de eucaliptos sem qualquer ordenamento na região afetada”, segundo o MAAVIM.
Na sua opinião, “não se pode continuar a apresentar milhões de ajudas que não chegam efetivamente ao terreno”, importando “que sejam verificados 10 ou 100 casos aleatórios, para efetivamente se verificar no terreno os cortes realizados e os seus critérios”.
O movimento, com sede em Midões (Tábua), no distrito de Coimbra, tomou esta posição a propósito da audição de Capoulas Santos, na quarta-feira, na comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República.
“O ministro da Agricultura demonstrou mais uma vez (…) que não conhece o terreno afetado pelos incêndios de outubro”, ao declarar “que só existem pouco mais de 25 mil agricultores” nas zonas atingidas pelo fogo.
Para o MAAVIM, o ministro “não sabe que as pessoas afetadas pelos incêndios são mais do que 50 mil” nesse território.
“Os verdadeiros agricultores, que fizeram as candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), até ao momento praticamente nada receberam e dificilmente irão executar os projetos, tendo em conta os cortes e as validações efetuadas pelo Ministério”, adianta.
A organização considera que Capoulas Santos “está confundido e baralhado, falando em 92 milhões pagos que não correspondem à verdade”.
“Quem recebia mais de 5.000 euros de apoios e não teve mais de 30% da sua área ardida não se podia candidatar a nenhum apoio”, exemplifica.
O movimento de Midões está a preparar uma ação judicial “contra quem é responsável pela falta de ajudas aos lesados dos incêndios”.
Entre sábado e o dia 01 de junho, vai receber na sua sede “todos os lesados que não tiveram ajudas ou não fizeram as suas candidaturas” para fundamentar a queixa.
Comentários