"No geral, todos falhámos. Todos nós tivemos as nossas falhas no meio disto tudo", reconheceu Teixeira dos Santos ao responder à última pergunta da última audição da segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco público.
Em resposta ao deputado Paulo Sá (PCP), que tinha perguntado "quem falhou" e manifestado esperança de que o ex-ministro das Finanças não se refugiasse na crise durante a sua resposta, Teixeira dos Santos acabou por admitir responsabilidades e falhas, mas partilhadas.
"Em primeiro lugar, porque tínhamos informação insuficiente ou deficiente. Em segundo lugar, porque se calhar não tínhamos modelos ou sistemas tão robustos - como hoje felizmente temos na governação das entidades - que permitissem uma melhor deteção, alertas prévios mais cedo (...) de situações de risco, para as prevenir", afirmou o ex-ministro das Finanças.
"Não estávamos equipados com esses modelos e falhámos também por isso", considerou Teixeira dos Santos, acrescentando que "a falta de experiência" de "nunca" ter vivido uma crise como esta também constituiu um fator de falhanço, pois "saber o que fazer numa situação de crise como esta é problemático".
Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro do Governo liderado por José Sócrates (PS), considerou que houve falhas "em todos os domínios: na gestão e políticas também".
"Assumo-as, senhor deputado", respondeu a Paulo Sá, dizendo não querer "acreditar que alguém tenha querido falhar de propósito para causar dano".
Teixeira dos Santos assegurou também ter procurado pautar o seu posicionamento e conduta "invocando a Lei", e seguindo o seu entendimento das "obrigações de não ingerência e não interferência" no "papel autónomo e independente de uma administração de um banco".
A audição a Fernando Teixeira dos Santos foi a última da segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco, como é oficialmente designada.
Segue-se agora o período de elaboração do relatório por parte do relator, o deputado João Almeida (CDS-PP), com data de entrega indicativa de 15 de julho, e posterior debate sobre o seu conteúdo, no dia 19.
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