“Falou-se de tornar a nossa economia mais especializada e sofisticada, mas falou-se pouco de como é que se faz isso”, referiu Rui Tavares, no Instituto Politécnico de Tomar (Santarém).
Segundo Rui Tavares, cabeça de lista pelo círculo de Lisboa, o debate também “não esclareceu questões muito importantes da governação do país a partir do próximo dia 11 de março”.
“O sr. Presidente [da República] vai chamar os partidos e o que é preciso é encontrar as maiorias que sejam as mais coerentes e o mais abrangentes possíveis”, defendeu, referindo que a política portuguesa está “dividida em três segmentos”.
O da esquerda “já disse que falaria em conjunto, que estaria disponível para negociar em termos de governabilidade, outro entre a AD e a Iniciativa Liberal, que também já demonstraram disponibilidade para negociar, e outro que é o da extrema-direita, com quem toda a gente diz que não negoceia”, continuou o candidato.
“Não fica esclarecido à direita - e Luís Montenegro [líder do PSD] não esclareceu isso - até que ponto tratará com a extrema-direita no dia a dia da governação de uma maneira que é igual à dos outros partidos”, adiantou, referindo que o social-democrata “parece com uma grande ingenuidade” ao dizer que “se tiver um governo de maioria relativa, negoceia com todos por igual”.
Rui Tavares disse não crer que “se possa negociar com todos por igual, entre aqueles que respeitam o Estado de Direito e aqueles que fazem propostas de, por exemplo, revisão constitucional, na qual passa a ser possível obter informações através de métodos abusivos e contrários à dignidade humana sobre as pessoas e as suas famílias, desde que haja uma justificação de segurança pública”, referindo-se ao Chega.
O porta-voz do Livre defendeu que, “para haver uma clareza total de que o país não irá por esse caminho, é preciso reforçar uma maioria de progresso e de ecologia, na qual o Livre é parte da solução”.
“O Livre considera que é preciso uma maioria de esquerda para governar com políticas sociais o nosso país, mas que em tudo aquilo que tem a ver com a preservação da democracia, com a luta contra a corrupção, com a reforma do sistema judicial, a esquerda, o centro e a direita democráticos têm de trabalhar em conjunto para isolar e acantonar a ameaça da extrema-direita”, adiantou.
Rui Tavares foi ainda questionado sobre o debate televisivo que teve com o líder do Chega, André Ventura, no sábado, no qual o historiador criticou o deputado deste partido Pedro Frazão por ter referido no parlamento que os seus filhos frequentam uma escola internacional privada.
Neste debate, o porta-voz do Livre acusou o deputado de ter usado a sua família "como arma de arremesso político", lamentou que tenham sido publicadas nas redes sociais fotografias tiradas dentro do estabelecimento de ensino e justificou a escolha da escola internacional com a condição de diplomata da mãe das crianças.
Na resposta, André Ventura disse não ter conhecimento deste assunto e acusou Rui Tavares de “hipocrisia” e de não ser "coerente com o que defende", nomeadamente a escola pública.
Hoje, o porta-voz do Livre declarou ter havido no debate “duas atitudes completamente diferentes”, alguém que “denuncia uma utilização perfeitamente abusiva da imagem de crianças e da localização de onde elas estudam”, colocando-as em risco, as suas e as dos outros.
“(…) Nós soubemos que até conselheiros muito próximos, que estão quotidianamente com André Ventura andaram a partilhar aquelas imagens e houve uma coordenação na partilha de imagens que já tinham sido obtidas há bastante tempo”, afirmou, lamentando que não tenha havido “nenhuma demarcação clara de responsabilidades”, como foi “cavalgada a onda de uma maneira absolutamente irresponsável”.
De acordo com Rui Tavares, “aqui, há uma linha de dignidade completamente clara”.
“Passe-se comigo, com os meus filhos, com os filhos de quem quer que seja, nós devemos dizer que (…) chega de indignidade, chega de tentar intimidar os outros, chega de fazer uma política de agressividade, de ódio que divide os portugueses”, acrescentou.
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