Miguel Freitas adiantou aos jornalistas, em Coimbra, que a Mata do Choupal foi atingida em 40% da sua extensão à passagem da tempestade Leslie, no sábado.
“Com recursos próprios”, declarou, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) conseguirá “fazer o trabalho” de limpeza e recuperação do Choupal, junto ao rio Mondego, devastado pelo furacão.
Neste espaço verde, com uma área que ronda os 80 hectares, o furação derrubou ou danificou elevado número de árvores, algumas seculares e de grande porte, além de ter causado outros prejuízos materiais.
O acesso dos cidadãos à mata de Coimbra, onde “o trabalho vai ser faseado”, vai manter-se interdito por razões de segurança até à primeira quinzena de novembro para permitir uma intervenção de remoção de madeira, ramos e outros detritos deixados pelo temporal.
“Esta é mais uma contrariedade para a floresta portuguesa” e matas nacionais, disse Miguel Freitas, que salientou também os estragos provocados pelo Leslie em propriedades particulares.
O governante falava aos jornalistas durante uma visita à Mata do Choupal, num programa que incluiu uma reunião com dirigentes e trabalhadores nas instalações do ICNF.
Miguel Freitas acompanhou parte dos trabalhos em curso no local, após ter efetuado uma idêntica visita à Mata Nacional do Bussaco, no concelho da Mealhada, distrito de Aveiro, onde os efeitos da tempestade Leslie foram mais devastadores.
A intervenção para recuperar a Mata do Bussaco, com uma área de 105 hectares, gerida por uma fundação como este nome ligada à Câmara Municipal da Mealhada, implica custos na ordem dos 400 mil euros.
Ali, numa extensão superior a seis quilómetros, de “um conjunto de 126 árvores notáveis, apenas três estão irrecuperáveis”, segundo o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural.
A intervenção na Mata do Bussaco custará 400 mil euros, encargo que será coberto com verbas do Fundo Florestal Permanente, acrescentou.
Neste espaço natural do município da Mealhada, os trabalhos decorrerão ao longo de pelo menos dois meses, já que registou um grau de destruição maior.
"Tenho a certeza absoluta que não está comprometida a candidatura do Bussaco à UNESCO. Não há um único monumento ou património edificado com danos. Antes pelo contrário, vamos conseguir mostrar uma floresta ainda mais bonita, mais bela e mais limpa do que estava antes da tempestade Leslie", declarou o presidente da Fundação Mata do Bussaco, António Gravato.
As propriedades florestais privadas, desde que situadas em concelhos com mais de 750 hectares afetados pela tempestade, terão direito a ajudas do Estado através de candidaturas ao Plano de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.
No Choupal, “há perdas irrecuperáveis”, incluindo “algumas árvores notáveis que não se voltarão a ver”, disse Miguel Freitas.
“É preciso olhar para o futuro”, defendeu, perante um grupo de técnicos superiores e outros trabalhadores do ICNF.
Na mata de Coimbra, “o objetivo principal é abrir os principais trilhos” para que os cidadãos possam retomar a sua fruição na primeira quinzena de novembro.
Entre as árvores derrubadas pela ventania, o chefe de divisão do ICNF Rui Rosmaninho deu o exemplo de um cedro-do-atlas (cedrus atlântica), espécie nativa das montanhas do Norte de África, que deverá pesar de 10 a 15 toneladas.
Na orla litoral do Centro, os efeitos destrutivos do Leslie “são mais notados” nas zonas que não foram atingidas pelos incêndios de 2017, onde as árvores ainda com copa foram mais vulneráveis à passagem da tempestade.
Os trabalhos de limpeza, recuperação e reposição nas matas do Estado situadas entre Marinha Grande e Mira deverão prolongar-se por cerca de dois anos, informou Rui Rosmaninho, na reunião com Miguel Freitas.
Na quinta-feira, às 12:00, o secretário de Estado das Florestas estará na Figueira da Foz para apresentar o plano de intervenção nas matas públicas afetadas pela tempestade de sábado, que flagelou sobretudo municípios do Centro Litoral.
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