“É tempo de reparar aquilo que PSD e CDS-PP roubaram e que, diga-se, o Governo do PS não quer devolver”, disse Jerónimo de Sousa, num encontro do PCP sobre reposição de freguesias, que decorreu hoje na aldeia de Vale de Vargo, no concelho de Serpa, distrito de Beja, pedindo àqueles três partidos para que "assumam as suas responsabilidades na Assembelia da República".
Segundo o líder dos comunistas, “no quadro da relação de forças” atualmente existente na Assembleia da República, a “devolução” das freguesias “roubadas” às populações em 2013 “só não acontece se o PS não quiser”.
“E, por isso mesmo, não estamos aqui para fazer a crítica pela crítica, mas confrontar com esta realidade: O que é que leva o PS a não aceitar essa devolução”, questionou, frisando: “É uma pergunta que continua a estar em aberto”.
O PS “chegou a considerar” a reposição de freguesias nas freguesias “onde exista manifestação de vontade para essa devolução”, lembrou Jerónimo de Sousa, pedindo aos socialistas para que “não se atrasem” e para irem “consultar as populações”, como as de Vila Nova de São Bento e Vale de Vargo, cujas freguesias foram agregadas na União de Freguesias de Vale de Vargo e Vila Nova de São Bento no processo de reorganização administrativa das freguesias.
“E encontrarão a resposta, porque o povo quer as suas freguesias” de volta, já que “não há razão para que tenham sido roubadas”, disse, defendendo que devolver as freguesias “é um direito das populações”.
Jerónimo de Sousa disse que “sucessivos governos de PS, PSD e CDS-PP, com a sua política de direita, levaram quase tudo, emprego, serviços públicos, população e, em 2013, até as freguesias roubaram ao povo”.
“Fizeram-no em nome da ‘troika’ sob o falso argumento de menos custos. O resultado é conhecido: mais isolamento, menos democracia e participação, mais afastamento dos eleitos da população, maiores dificuldades na resposta aos problemas locais”, frisou, precisando que, “em todo o país”, foram “mais de mil” as freguesias “roubadas”, “25 das quais no distrito de Beja”.
“Uma decisão imposta contra a vontade do povo, espezinhado a identidade cultural de cada localidade”, lamentou, referindo que “o roubo das freguesias ao povo é um ataque ao poder local democrático, essa conquista de abril que continua a ser o espaço que o povo tem para defender os seus interesses”.
Jerónimo de Sousa criticou os deputados do PS eleitos pelos distritos do Alentejo, porque, na região, “enchem a boca com juras à regionalização” e “há dias” na Assembleia da República “votaram contra a criação das regiões propostas pelo PCP”.
“Não vale a pena andarem a carpir lágrimas pelas dificuldades do interior, pela desertificação e depois fazerem tudo para as agravar”, disse, defendendo que os eleitos locais do PS “não se podem apresentar de acordo com a devolução das freguesias às populações e depois os seus deputados lá na Assembleia da República votam ao contrário”.
Comentários