“O que nós estamos aqui a fazer é limpar as contas, agir com critério. Aqueles que são necessários na Frente Mar ficam, exercem a sua função e nós financeiramente vamos pôr a empresa equilibrada e a trabalhar por conta da Frente Mar”, afirmou Pedro Calado.
O presidente da Câmara Municipal do Funchal, de coligação PSD/CDS-PP, falava aos jornalistas à margem de uma reunião da Assembleia Intermunicipal da Associação de Municípios da Região Autónoma da Madeira.
Segundo o autarca, nos últimos oito anos, período em que o principal município da região foi governado pela coligação Confiança, encabeçada pelo PS, a empresa municipal responsável pela gestão das praias, complexos balneares e espaços públicos e estacionamentos públicos do concelho “passou de cerca de 30 funcionários para 130”.
“O que nós nos apercebemos foi que, no dia seguinte às eleições, apresentaram-se ao serviço na Frente Mar trabalhadores que nunca tinham posto os pés dentro da empresa municipal”, relatou Pedro Calado.
“Razão pela qual a empresa apresenta resultados negativos de quase um milhão de euros por ano”, vincou, apontando o dedo à coligação Confiança, que queria “dissolver a empresa para que esses funcionários passassem todos para dentro da Câmara Municipal do Funchal”.
O presidente da autarquia adiantou também que o processo negocial destas 13 rescisões está a decorrer e representará um custo para os cofres municipais de cerca de “60 mil euros de indemnizações”, embora depois possa ser recebida “uma percentagem diminuta” de compensação.
“Estas pessoas que sairão, que estavam a mais dentro da empresa em termos de funções, têm um custo de cerca de 250 mil euros por ano. Em quatro anos, num mandato, representam quase um milhão de euros”, referiu.
Pedro Calado assumiu ainda que a autarquia vai arranjar solução para proteger os postos de trabalho daqueles que “forem necessários no município do Funchal”.
“Não podemos é engordar tanto o porco porque o porco depois rebenta e passa depois os custos todos para dentro do município do Funchal”, defendeu.
O autarca salientou ainda que “é bom que também haja coragem para que a coligação Confiança explique porque meteu as pessoas e como é que meteu essas pessoas e esses funcionários na Frente Mar Funchal, sabendo que essas pessoas desempenhavam funções na Câmara do Funchal”.
““Foi para evitar concursos públicos? Foi para evitar contratações de pessoas? Foi para meter quem eles quiseram lá meter, pondo depois o município a beneficiar do seu trabalho, mas pondo os custos dentro da Frente Mar Funchal?”, questionou, reforçando: “É que dessa forma rebentou-se uma empresa municipal e pôs-se em causa centenas de postos de trabalho de pessoas que efetivamente trabalham na empresa”.
Em comunicado, o vereador da coligação Confiança e ex-presidente da Câmara do Funchal, Miguel Silva Gouveia, repudia este despedimento coletivo e considera que esta atitude “demonstra a desonestidade da coligação PSD/CDS-PP, que se tinha comprometido em salvaguardar todos os postos de trabalho”.
O eleito diz ainda que a proposta de dissolução da empresa apresentada pela anterior presidência, chumbada pelo PSD/CDS-PP na Assembleia Municipal do Funchal, “permitia a salvaguarda de 115 trabalhadores da empresa, integrando-os nos quadros da autarquia”.
“Hoje, quando o assunto poderia estar resolvido há mais de um ano, salvaguardando os trabalhadores, os fornecedores e as atividades da empresa, somos confrontados com as verdadeiras intenções destes partidos, que passam pelo despedimento coletivo fortemente conotado com motivações políticas”, criticou.
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