Por: Helena Neves, da Agência Lusa
A linha foi criada no dia 1 de abril de 2020, tendo em conta a prioridade atribuída à saúde mental na pandemia, e desde então recebeu 112 mil chamadas, das quais 8.000 de profissionais de saúde.
“Acho que foi fundamental criá-la nessa altura e acho que é fundamental mantê-la”, embora por razões diferentes, defendeu em entrevista à agência Lusa o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Luís Goes Pinheiro.
“Na altura, foi crucial”, defendeu, explicando que março e abril de 2020 foram meses em que “havia muita incerteza, muita ansiedade e muitas dúvidas” relativamente ao presente e ao futuro decorrentes do medo da doença e do confinamento que “foi violentíssimo para as pessoas”.
Por isso, insistiu, foi fundamental disponibilizar este serviço, que teve o apoio da Ordem dos Psicólogos Portugueses e da Fundação Calouste Gulbenkian, e ter “uma voz” que pudesse dar tranquilidade e apoio às pessoas mais fragilizadas.
Questionado sobre como assistiu à condenação da aplicação de rastreio de contactos ‘Stayaway covid’, lançada a 28 de agosto de 2020, Luís Goes Pinheiro afirmou que não ficou surpreendido com este desfecho.
Para o responsável, o “principal problema” que teve foram as expectativas que se geraram em relação à aplicação móvel.
“Eu sempre defendi, e continuo a defender, que é um instrumento importante, mas que deve ser interpretado no contexto dos vários instrumentos que foram usados relativamente ao combate à pandemia da covid-19”, disse, dando como exemplo o SNS24 e a plataforma ‘Trace covid-19’.
“Portanto, nunca achei, e continuo a não achar, que a aplicação tem essa vocação de ser a solução para todos os problemas”, disse, rematando: “Quem achou, porventura, que seria a solução para todos os problemas eventualmente viu essas expectativas defraudadas”.
Contudo, para Goes Pinheiro, a ‘Stayaway covid’ deu “vários contributos relevantes” para o combate à pandemia.
“Por um lado, deu o contributo por si. Houve um conjunto significativo de pessoas que adotaram comportamentos em função do que a ‘app’ lhes transmitiu”, disse, justificando que houve mais de mil pessoas que ligaram para o SNS 24 depois de terem sido alterados pela aplicação de que tinham estado em contacto com uma pessoa diagnosticada com covid-19.
Houve outras pessoas que, apesar de não terem ligado para o SNS 24, adotaram medidas defensivas, como a realização de um teste ou passarem a valorizar sintomas que tinham e adotaram comportamentos tendo em conta esse facto.
Luís Goes Pinheiro contou que o grupo de trabalho da União Europeia que esteve na base da criação de instrumentos que permitiram as aplicações de rastreios de contactos dos vários países foi o mesmo que trabalhou depois a questão dos certificados digitais.
“É um resultado indireto, mas é um resultado importante, porque agilizou muito o que sucedeu depois”, salientou, considerando que a ‘app’ foi “uma experiência muito inovadora na sua base”.
“Portanto, eu faço um balanço positivo da ‘Stayaway covid’. Agora, resolveu todo os males? Não. Tinha essa vocação? Eu acho que não e, como tal, não fiquei surpreendido com o resultado”, rematou.
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