A declaração é da vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, que, em entrevista à agência Lusa, assegura que a autarquia não quer acabar com quaisquer teatros, antes continuar o investimento e o esforço realizado nos últimos anos.
“O objetivo do projeto é, por um lado, preservar a memória de alguns espaços emblemáticos da cidade, diversificar a oferta teatral, não só no que respeita aos conteúdos de programação propriamente ditos, mas também no que diz respeito aos modelos de gestão”, disse Catarina Vaz Pinto, sublinhando que quando fala de preservação de memória está, “sobretudo, a falar de dois espaços emblemáticos da cidade”.
O Teatro do Bairro Alto, onde durante mais de 40 anos funcionou a companhia Cornucópia, e que corria o risco de se tornar num espaço de serviços. E o Teatro Luís de Camões, um teatro de bolso e de bairro datado de finais do século XIX por um particular, onde durante muitos anos funcionou a sede do Belém Clube.
A autarquia entendeu que a 'black box' do Teatro do Bairro Alto, com uma lotação de 150 a 200 lugares, devia ser mantida nas mãos da autarquia, face à falta de espaços daquela natureza, disse Catarina Vaz Pinto.
Este espaço manter-se-á com gestão direta da autarquia, devendo ser aberto um concurso para diretor artístico, para um período de três a quatro anos, acrescentou a vereadora.
O Teatro Luís de Camões, por seu lado, ficará com gestão direta da autarquia, vocacionado para a programação infanto-juvenil, que era feito no Maria Matos.
Este teatro teve obras de remodelação da responsabilidade dos arquitetos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, orçadas em um milhão de euros.
Quanto ao Maria Matos, a vereadora pretende que a autarquia assine um contrato de cedência com privados, cujo concurso conta abrir ainda este mês, e que deverá ter a duração máxima de cinco anos.
A cedência do Maria Matos à iniciativa privada não é estranha na história do espaço, e decorreu agora, segundo a vereadora, da saída do diretor artístico daquele teatro, Marc Deputter, para a Culturgest.
Esta situação coincidiu ainda, segundo Catarina Vaz Pinto, com a possibilidade de o espaço do Teatro do Bairro Alto ficar afeto a serviços, uma possibilidade que a Câmara não aceitou, face à memória daquela sala e à possibilidade de servir para grupos emergentes.
O Maria Matos deverá, segundo a vereadora, ser um espaço de teatro 'mainstream', como tem sido até aqui, acrescentou.
Catarina Vaz Pinto garantiu ainda que, no concurso de cedência do Maria Matos, só será selecionado um projeto artístico que melhor se adeque àquela sala e à história que tem tido no teatro.
A reestruturação dos teatros municipais não deverá, porém, funcionar antes da próxima temporada, já que as programações estão definidas até julho, referiu a vereadora.
Catarina Vaz Pinto disse ainda que não vai haver redução de pessoal – “não há qualquer posto de trabalho em causa”, frisou. “Apenas vai haver uma remodelação, uma mudança”, sublinhou.
Esta semana vão começar a ser ouvidos os 30 trabalhadores do Maria Matos, para serem conhecidas as suas aspirações, em termos de trabalho.
Catarina Vaz Pinto sublinhou que o montante com que a autarquia apoia as artes performativas ronda os cinco milhões de euros, e que esta verba não vai ser reduzida.
Além dos apoios em dinheiro, a Câmara subsidia também apoios indiretos para a programação, elaboração de cartazes e divulgação, entre outros.
"Na verdade vamos continuar com dez teatros municipais, o que muda são os modelos de gestão", disse Catarina Vaz Pinto.
“Não há desinvestimento, mas como há muitos equipamentos e o dinheiro não abunda, é muito importante que cada vez sejamos mais eficientes e exigentes na gestão de recursos”, concluiu.
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