Em declarações aos jornalistas momentos depois de votar, Luís Montenegro disse que a sua expectativa é que depois desta votação "nos possamos reunir em torno do que viera ser escolhido para apresentar a Portugal uma alternativa a este governo socialista que está a atrasar o desenvolvimento do país". "Portugal precisa de uma oposição forte, firme para podermos enveredar por um ciclo de desenvolvimento mais intenso", defendeu.
Montenegro disse aos jornalistas que está "muito confiante", mas igualmente "tranquilo" e que respeitará "o veredicto dos militantes". "Estamos em igualdade de circunstâncias e disputaremos esta segunda volta até ao fim", disse o candidato que desafiou Rui Rio.
Se vier a ser eleito hoje líder dos sociais-democratas, garante que "empenhar-se-á em construir unidade no partido" e depois em conquistar "a confiança dos portugueses".
"O PSD é um grande partido", defendeu, acrescentando que a formação política sairá mais forte deste escrutínio.
Deixou ainda um apelo a todos os militantes para que exprimam a sua opinião nestas eleições, de forma livre e democrática.
O presidente do PSD, Rui Rio, e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro voltam hoje a disputar eleições diretas, numa inédita segunda volta em que podem votar 40.604 militantes com as quotas em dia.
Na primeira volta, realizada há uma semana, Rui Rio foi o candidato mais votado com 49,02% dos votos expressos (15.546 votos), seguido do antigo líder parlamentar do PSD, que obteve 41,42% do total (13.137). O vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais Miguel Pinto Luz ficou em terceiro, com 9,55% (3.030), e fora da segunda volta.
O presidente do PSD e recandidato ao cargo votará no Porto e acompanhará na mesma cidade os resultados, enquanto Luís Montenegro votou em Espinho (Aveiro), mas fará a noite eleitoral em Lisboa.
As eleições decorrerão em todo o país entre as 14:00 e as 20:00 e a proclamação dos resultados será feita pelo Conselho de Jurisdição Nacional (CJN), na sede do partido, em Lisboa.
Na primeira volta, votaram 32.082 militantes, uma taxa de participação de 79%, a mais alta de sempre em percentagem em diretas, apesar de ser a mais baixa em números absolutos de todas as eleições do PSD em que houve disputa, devido às novas regras para o pagamento de quotas.
A polémica com o PSD-Madeira - todos os votos da primeira volta na Região Autónoma foram considerados nulos pelo CJN por discrepâncias com o caderno eleitoral oficial - vai manter-se, tendo a estrutura regional decidido que não vai abrir as sedes para a segunda volta, considerando que isso seria uma "humilhação" para os militantes sociais-democratas do arquipélago.
Tal como há uma semana, os resultados poderão ser acompanhados em www.psd.pt, e a secretaria-geral promete aumentar a capacidade de acesso ao site e ter uma versão otimizada para telemóveis.
No total do país, Rio teve na primeira volta mais 2.409 votos que Montenegro, mas os dois candidatos menos votados somaram, em conjunto, mais 621 votos do que o atual presidente.
A ‘chave’ do resultado eleitoral deverá voltar a estar, como habitualmente, nas quatro maiores distritais do PSD: Porto, Lisboa, Braga e Aveiro registam, por esta ordem, o maior número de militantes em condições de votar, centralizando mais de 57% do total.
No passado sábado, Rui Rio ganhou em 13 distritos ou estruturas, incluindo duas das maiores: Porto, Aveiro, Bragança, Guarda, Viana do Castelo, Vila Real, Santarém, Faro, Beja, Portalegre, Évora, Açores e Europa.
Já Luís Montenegro venceu em seis: além da poderosa distrital de Braga, venceu em Leiria, Viseu, Coimbra, Castelo Branco e Lisboa Área Oeste.
Pinto Luz saiu vencedor na Área Metropolitana de Lisboa (com Montenegro em segundo) e em Setúbal, reclamando também vitória na Madeira, mas os votos da Região Autónoma não foram contabilizados.
Já no círculo Fora da Europa, os quatro militantes que votaram repartiram-se igualmente por Rio e Montenegro, registando-se um empate.
Nesta última semana, as acusações entre os candidatos de troca de apoios por promessa de lugares - negadas por ambos - marcaram a campanha, bem como as 'transferências’ dos apoiantes de Pinto Luz para Rio e Montenegro.
Os antigos secretários-gerais do PSD Miguel Relvas e Matos Rosa, o antigo vice-presidente Marco António Costa, os líderes das distritais de Lisboa e de Setúbal, Ângelo Pereira e Bruno Vitorino, o vice-presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, os deputados Carlos Silva, Sandra Pereira e Alexandre Poço, ou o presidente da concelhia do Porto, Hugo Neto, foram alguns ex-apoiantes do autarca de Cascais que anunciaram o seu voto em Montenegro na segunda volta.
Em sentido contrário, o ex-ministro Mira Amaral, o cientista Carvalho Rodrigues e os deputados Ana Miguel Santos e Nuno Carvalho (que foram cabeças de lista nas últimas legislativas em Aveiro e Setúbal, respetivamente) passaram do apoio a Pinto Luz para a declaração de voto no atual presidente e recandidato.
Em 2018, Rui Rio derrotou Santana Lopes por 54,15% dos votos (22.728 votos), numa eleição em que o universo eleitoral foi de 70.692 militantes, mas em que acabaram por votar apenas 42.655 (cerca de 60% do total).
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