Gerry McCann admitiu que tiveram de encarar a realidade e garantir que a vida dos dois outros filhos, Sean e Amelie, fosse o mais satisfatória possível.
"Infelizmente para nós, a nova normalidade é uma família de quatro [pessoas]. Mas adaptámo-nos e isso é importante. Os últimos cinco anos em particular permitiram que dedicássemos devidamente mais tempo a cuidar dos gémeos e de nós e, obviamente, a continuar com o nosso trabalho", afirmou à BBC, na única entrevista que o casal concedeu a propósito do 10.º aniversário do desaparecimento de Madeleine McCann, e cuja reprodução foi autorizada para outros órgãos de comunicação social.
Apesar do trauma e consternação sentidos, Kate McCann diz que o casal nunca se culpabilizou pelo que aconteceu, mas confessou que no início não conseguiu regressar ao emprego, tendo ficado a cuidar dos filhos.
"As crianças nem sequer estavam na escola, eu queria estar lá, não queria perdê-los de vista. Havia muita coisa a passar-se, muito trabalho de campanha, muitas emoções. Agora já voltei ao trabalho. Estou a fazer algo diferente do que eu estava a fazer", declarou.
A antiga médica de família continua envolvida em medicina, mas num cargo diferente, enquanto Gerry McCann, cardiologista de profissão, é também professor na Universidade de Leicester, no centro de Inglaterra, perto da localidade de Rothley, onde a família reside.
No entanto, Madeleine McCann, garante o casal, continua a fazer parte das suas vidas, seja através das fotografias que estão espalhadas pela casa, seja pelas conversas do quotidiano, seja em épocas festivas como o Natal ou o aniversário, para as quais Kate continua a comprar presentes.
"Obviamente, tenho de pensar que idade ela tem e coisas assim, quando a encontrarmos, se ainda será apropriado. Mas não poderia deixar de o fazer. Ela ainda é nossa filha, será sempre nossa filha", justifica.
Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer quatro anos, a 3 de maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve.
Completa 14 anos em 12 de maio, dia que a família considera particularmente difícil cada ano que passa, mesmo continuando a ter esperança em encontrá-la viva.
"Toda a gente pensa o que pode ter acontecido, mas alguns cenários com outras pessoas que foram raptadas e guardadas, é tão inacreditável que se pensa ‘como é que pode ter acontecido' e é isso que vai acontecer com o caso de Madeleine também", acredita Gerry McCann.
O pai de Madeleine recorda o que aprendeu durante uma visita ao Centro para as Crianças Desaparecidas e Abusadas nos EUA e que, quanto mais nova a criança é na altura do desaparecimento, mais provável é que tenha sido raptada para ser guardada.
"Já passaram 10 anos, e [pensamos] quanto é que ela mudou e onde é que ela está agora. Mas eu penso que o principal é encontrar Madeleine, ela ainda está viva, reconhecer quem ela é, ou precisamos de encontrar a pessoa ou pessoas responsáveis por a terem levado", enfatizou.
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