"Já temos secretário-geral, que grande alegria", declarou o chefe de Estado, ao aproximar-se dos jornalistas, antes mesmo de lhe ser feita qualquer pergunta, depois de ter participado na abertura solene do ano letivo do Instituto dos Pupilos do Exército, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que, mal termine a intervenção de António Guterres na sede das Nações Unidas, vai telefonar ao seu "grande amigo" para lhe dizer que a sua eleição, "além de uma grande alegria nacional e de ser um grande fator de esperança para o mundo, é um grande motivo de alegria pessoal".
Desafiado a escolher uma canção de Bob Dylan, hoje premiado com o Nobel da Literatura, para dedicar a António Guterres, o Presidente da República optou por "The Times They Are a-Changin'".
"Ele [Bob Dylan] tinha aquela canção 'Os tempos estão a mudar'. E os tempos mudaram nas Nações Unidas, pela transparência do processo, pela aclamação no Conselho de Segurança e pela aclamação na Assembleia Geral", defendeu.
Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que espera de Guterres que seja "um reformador" da Organização das Nações Unidas (ONU): "É o homem ideal para fazer essa reforma. Junta-se a qualidade de um homem com a carência de uma organização relativamente à liderança".
Na sua opinião, a atribuição do prémio Nobel da Literatura ao cantor e compositor norte-americano Bob Dylan "até se liga" com a eleição de António Guterres para secretário-geral da ONU, porque também "é um sinal de que os tempos mudaram".
"Normalmente o prémio é dado a uma figura clássica, em que se olha mais para a produção literária, e menos para o militantismo cívico", referiu.
Segundo o Presidente da República, as letras de Bob Dylan são "uma forma de militantismo cívico que luta por um mundo melhor, pela paz no mundo por aquilo que são desafios que, de uma forma ou de outra, serão os desafios do engenheiro Guterres".
O antigo primeiro-ministro António Guterres foi hoje formalmente eleito, por aclamação, secretário-geral da ONU pela Assembleia Geral desta organização internacional, que confirmou a indicação feita há uma semana, por unanimidade e aclamação, pelo Conselho de Segurança.
Nas declarações que fez aos jornalistas logo depois de ser conhecida esta notícia, o chefe de Estado salientou que foram penduradas bandeiras de Portugal e das Nações Unidas no Palácio de Belém, em honra de Guterres.
"É um facto único na vida do país, e penso que é muito justo. É um momento muito emocionante para o país, mas é um momento também muito importante para o mundo", considerou.
A título pessoal, Marcelo Rebelo de Sousa declarou-se "muito feliz" por "ver um grande amigo chegar aonde chegou, por mérito próprio".
"Tinha todas as qualidades para chegar lá, mas podia não ter chegado. O que é facto é que chegou, depois de todos os obstáculos, porque continuou a ser aquilo que já era aos 19 anos de idade: uma figura ímpar até na capacidade de luta, na combatividade, como mostrou na sua candidatura", acrescentou.
No seu entender, o antigo primeiro-ministro e ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados "lutou como se fosse o maior combate da vida" nesta candidatura, "e provavelmente era o maior combate da sua vida".
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