Intervindo no plenário da reunião da ONU, a três dias do final do encontro, António Guterres lembrou que foram feitas promessas e estabelecidas metas na anterior cimeira, há dois anos em Montreal, no Canadá, e disse que é preciso fortalecer essas metas, mobilizar dinheiro e criar mecanismos para medir os avanços na proteção da natureza.

Cada país terá também de apresentar os seus planos nacionais e são precisos modelos de negócio “positivos para o meio ambiente e energias renováveis”, e desenvolver a economia circular e práticas agrícolas sustentáveis, referiu também.

A “natureza é vida” e o que se está a fazer contra ela “é uma guerra sem vencedores”, avisou o secretário-geral da ONU, lembrando o aumento das temperaturas no mundo, a extinção diária de espécies, o lixo que a cada segundo é despejado nos mares e lagos de um planeta alterado em terra e no mar pela ação humana.

“A biodiversidade é aliada da humanidade, temos de a proteger” e não saquear, disse António Guterres, concluindo que é preciso “optar pela vida”.

A abrir a sessão falou o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que num longo e crítico discurso deixou recados e sugestões, uma delas de revisão da dívida dos países pobres, que existe devido a um ciclo negativo que começa com o petróleo e com a ganância, tendo por base os empréstimos aos países do Sul com juros altos.

“Países de risco nós? Os mais arriscados são os que mais emitem dióxido de carbono”, disse o Presidente colombiano, que defendeu outra forma de produzir no planeta, não assente na ganância, e que proteja o ambiente e as pessoas.

Num planeta em que empresas petrolíferas patrocinam as cimeiras do clima, “contaminado pelas fábricas da ganância”, onde o petróleo "não constrói riqueza mas sim a morte, e onde não importa a vida e o que importa é o dólar”, a cimeira de Cali tem de representar um ponto de viragem, afirmou Gustavo Petro.

A COP16, que termina na sexta-feira, tem como um dos principais objetivos concretizar as promessas feitas há dois anos, na reunião anterior, nomeadamente a forma de preservar 30% do planeta até 2030 e no mesmo período recuperar 30% de habitats degradados.

A cimeira começou no dia 21 e até agora nada de substancial foi aprovado. Além do Presidente da Colômbia apenas estão na cimeira de Cali os presidentes da Arménia, Equador, Guiné-Bissau, Haiti (interino) e Suriname.