"O papel que ele [o ministro das Finanças] está a fazer é de mentiroso, para conseguir subir na carreira, para conseguir fazer a política que o PS com a administração pública já é hábito", disse, contrapondo que os dados oficiais mostram que os trabalhadores nos últimos dez anos perderam 16% em média de poder de compra", e não tiveram um aumento do salário médio de 8% desde 2018, como anunciou o governante.
"[Mário Centeno] é um mau economista, não sabe fazer contas", afirmou, desafiando o ministro a "preparar-se melhor", e acusando ainda o Governo de não ter como prioridade nem os trabalhadores, nem o povo português.
"Nós consideramos que o Governo tem dinheiro suficiente para fazer aumentos de salários de acordo com as propostas dos sindicatos que nem sequer discutiu", afirmou a dirigente sindical, lembrando que a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano inclui dinheiro para isenções dos grandes grupos económicos.
O Governo "tem dinheiro, tem [para aumentos salariais superiores]. Só o dinheiro que vai dar para os grandes grupos económicos, em isenções fiscais, o dinheiro que vai dar em aquisições de serviços para contratar os amigos (...), que vai pagar em juros da dívida (...) que vai dar ao Novo Banco, que já é recorrente...", afirmou Ana Avoila.
Ana Avoila acusou ainda o Governo de se limitar a anunciar um aumento salarial na função pública de 0,3% e de 3,2% da massa salarial, incluindo progressões, com o efeito do descongelamento, promoções e outras valorizações além da atualização.
Ana Avoila acusa o executivo de "não desmontar" o aumento de 3,2% e de usar "dados errados" para esse cálculo: "se for confirmar os dados que o Governo tem na DGAEP [Direção-Geral da Administração e do Emprego Público] e depois os do Centeno haveremos de ver que há uma diferença grande".
A líder sindical diz que "não é verdade" o aumento de 3,2% e que o ministro das Finanças anunciou "uma construção em que põe uma parcela daquilo que já gastou em 2018, já gastou em 2019, no que vai gastar no final de 2019, e depois acresce gastos com contratação de pessoal, com equipamentos dos serviços, entre outros.
"Ou seja, o que o Governo diz é que os custos de trabalho passam a ser referência para aumentos de salário e depois junta isso tudo para iludir, enganar. É uma falácia, é enganar os trabalhadores e a opinião pública", acrescentou.
Para "dar uma resposta forte" à proposta do Governo de aumentos na função pública, e mostrar a indignação dos trabalhadores da administração pública face a essa proposta, Ana Avoila anunciou a realização de uma manifestação nacional da função pública, na tarde de 31 de janeiro, "para encher Lisboa de gente de todo o lado do país".
A manifestação foi aprovada esta manhã pela Coordenadora da Frente Comum, órgão no qual estão representados os 30 sindicatos desta frente sindical afeta à CGTP, e anunciado em conferência de imprensa realizada de seguida, e não tem ainda a localização definida.
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