A sua ascensão política foi manchada por acusações de ter incentivado os piores distúrbios religiosos deste século na Índia, e o seu mandato coincidiu com a crescente hostilidade para com os muçulmanos e outras minorias.
No entanto, o líder de 73 anos é consistentemente classificado como um dos governantes mais populares do mundo.
Os seus seguidores celebram a sua imagem de homem firme, reforçada pelo seu perfil de defensor da fé maioritária da Índia e dos mitos que exaltam as suas origens humildes.
Modi nasceu em 1950 no estado de Gujarat, no oeste do país, o terceiro de seis irmãos cujo pai vendia chá em estações ferroviárias.
Foi um aluno mediano, mas devido à sua habilidade de oratória, começou a destacar-se como membro do clube de debate da sua escola e pela participação em apresentações teatrais.
O seu destino político foi marcado aos oito anos de idade, quando se juntou ao Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), um grupo nacionalista hindu de linha dura.
Lá, Modi dedicou-se a promover a supremacia hindu na Índia secular, chegando a abandonar um matrimónio arranjado logo após casar-se aos 18 anos.
Permanecer com a esposa, de quem não se divorciou oficialmente, teria atrasado o seu avanço nas fileiras do RSS, que requer o celibato dos seus líderes. O RSS preparou Modi para uma carreira na sua ala politica, o Partido Bharatiya Janata (BJP). A aliança liderada por esta força política, de resto, obteve a maioria no Parlamento nas eleições legislativas, segundo dados divulgados pela Comissão Eleitoral nesta terça-feira.
Modi foi nomeado ministro-chefe de Gujarat em 2001 e, no ano seguinte, o estado foi abalado por distúrbios sectários desencadeados por um incêndio que matou dezenas de peregrinos hindus.
Pelo menos 1.000 pessoas morreram na violência que se seguiu, sendo os muçulmanos as principais vítimas. Modi foi acusado de ajudar a desencadear os tumultos e de não ordenar uma intervenção policial.
Uma investigação do mais alto tribunal da Índia determinou que não havia provas para acusar Modi, mas durante anos foi impedido de entrar nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Apesar disso, a sua popularidade não parou de crescer na Índia. Modi construiu uma reputação de líder disposto a defender os interesses dos hindus, que acreditava serem marginalizados pelas forças seculares que governaram o país quase que continuamente desde a independência do Reino Unido.
Modi tornou-se primeiro-ministro em maio de 2014. Desde então, os seus críticos têm alertado para a perseguição a adversários políticos e o controlo de uma imprensa outrora vibrante. Ao mesmo tempo, a comunidade muçulmana de mais de 200 milhões de habitantes teme pelo seu futuro.
Após a sua ascensão ao poder, a Índia viveu uma onda de linchamentos de muçulmanos pelo abate de vacas, animal sagrado segundo a tradição hindu. Mas os países ocidentais deixaram de lado as suas preocupações para cultivar um aliado regional capaz de combater a China.
No ano passado, Modi discursou perante uma sessão conjunta do Congresso dos EUA e foi recebido pelo presidente Joe Biden para uma visita de Estado à Casa Branca.
Modi assume o crédito pela crescente influência diplomática e económica da Índia e diz que sob a sua liderança o país tornou-se um "vishwaguru" — um professor para o mundo. Aliás, o líder indiano acredita que o seu país está a assumir o seu lugar por direito no mundo depois de ser subjugada pelo império mongol muçulmano e depois pela colonização britânica.
O seu projeto transformador teve um marco em janeiro, quando Modi presidiu a inauguração de um templo hindu na cidade de Ayodhya, construído num terreno onde existiu durante séculos uma mesquita muçulmana mongol, destruída em 1992 por fanáticos hindus.
Modi disse na cerimónia que o templo mostrava que a Índia estava superando “a mentalidade de escrava”. “A nação está a criar a génese de uma nova história”, declarou.
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