Fonte do CSMP adiantou à Lusa que a abertura de novo concurso foi “rejeitada por unanimidade” numa reunião presidida pela procuradora-geral da República, Lucília Gago.
“O CSMP deliberou hoje que já executou todas as diligências previstas na lei relativamente ao procedimento de seleção do procurador europeu”, adiantou a mesma fonte, sendo este o argumento para recusar a abertura de novo concurso, tal como recomenda um parecer do Conselho Consultivo da PGR e que, segundo adiantou hoje o Observador, o Governo acatou.
Segundo o Observador, com base nesse parecer, o Governo está em vias de solicitar ao CSMP e ao Conselho Superior de Magistratura (CSM) a abertura de novos concursos para preencher as três vagas que devem ser indicadas por cada um dos conselhos, num total de seis candidatos indicados a ser, depois, escrutinados pela Assembleia da República (AR), antes da seleção e posterior indicação pelo Governo do candidato final às instâncias europeias.
O mesmo parecer defende que na impossibilidade de se preencherem todos os lugares estipulados no regulamento de candidatura ao cargo, terá que haver no mínimo três candidatos apresentados a escrutínio à AR, que se não puderem ser escolhidos por via de concurso, podem ser convidados pelos conselhos superiores, sendo permitido endereçar convites a magistrados elegíveis que não se tenham anteriormente apresentado a concurso.
Com a decisão de hoje do CSMP, este conselho superior recusa não só abrir novo concurso, como a possibilidade de vir a endereçar qualquer convite, disse a mesma fonte à Lusa, que explicou também que o parecer do Conselho Consultivo da PGR “não é vinculativo”.
O procurador José Ranito é o único candidato indicado pelo CSMP para o cargo de procurador europeu, segundo adiantou o Observador.
Do lado da magistratura judicial, o CSM já tinha adiantado à Lusa que foram abertos “dois procedimentos de recrutamento de magistrados judiciais para seleção e designação dos candidatos nacionais a procurador europeu, um em 20 de maio de 2022 e o segundo em 17 de outubro de 2022”.
O CSM apenas validou a candidatura do juiz Ivo Rosa, até há pouco tempo juiz de instrução no Tribunal Central de Investigação Criminal (TCIC), mas entretanto promovido aos tribunais da Relação, aguardando o resultado de processos disciplinares pendentes para que a promoção se efetive.
Segundo o esclarecimento do CSM, esse foi o nome indicado pelo conselho superior ao Ministério da Justiça, dado que a candidatura do juiz de direito Filipe César Vilarinho Marques “foi rejeitada, em ambos os procedimentos por não se verificar o critério de elegibilidade relativo à experiência mínima de 20 anos de exercício efetivo como magistrado judicial”.
O magistrado português José Guerra foi indicado pelo Governo para o cargo de procurador europeu depois de ter sido selecionado em primeiro lugar pelo CSMP, mas após um comité europeu de peritos ter considerado como melhor candidata para o cargo Ana Carla Almeida.
O Governo esteve desde então no centro de uma polémica, sobretudo por ter transmitido dados errados numa nota ao Conselho da União Europeia apensa ao currículo de José Guerra, ainda que a estrutura tenha corroborado a posição do executivo português de que os “lapsos” relativos à proposta de nomeação do magistrado para procurador europeu não interferiram com a decisão da sua nomeação.
O magistrado português José Guerra foi nomeado em 27 de julho de 2020 procurador europeu nacional na Procuradoria Europeia, órgão independente com competência para investigar, instaurar ações penais e deduzir acusação e sustentá-la na instrução e no julgamento contra os autores das infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União (por exemplo, fraude, corrupção ou fraude transfronteiriça ao IVA superior a 10 milhões de euros).
O órgão que funciona como um Ministério Público independente e altamente especializado entrou em atividade a 01 de junho de 2021.
O mandato de José Guerra termina este ano.
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