“Na minha opinião, a mensagem da campanha não chegou aos destinatários certos: estrangeiros e juventude. Era muito pesada/complicada. Teria tido mais impacto com uma mensagem mais simples”, afirma a presidente da associação de moradores Aqui Mora Gente, numa resposta escrita enviada à Lusa.
Para Isabel Sá da Bandeira, “não basta uma campanha, é preciso muito mais do que isso”, sobretudo ao nível da fiscalização, “coisa que não existe”.
“E quando se chama a polícia por questões de ruído, respondem que têm coisas muito mais graves a resolver. Por isso, como muitas outras coisas, é um caminho longo”, acrescenta.
No entender da representante, é também necessária a participação de outras partes - os donos dos hostels e dos alojamentos locais deveriam chamar a atenção dos clientes para o respeito pelos moradores, o que “não acontece”.
Isabel Sá da Bandeira refere ainda que, “para que haja algum resultado, a Câmara Municipal de Lisboa terá de se empenhar muito mais, e em defesa dos moradores, coisa que não acontece, não havendo qualquer vontade política de mudar as coisas”.
No mesmo sentido, o presidente da Associação de Moradores da Misericórdia (freguesia que inclui o Bairro Alto e o Cais do Sodré, zonas com muitos espaços de diversão noturna) considerou, em declarações à Lusa, que a campanha “não tem tido grande impacto”.
“Em termos práticos, se a câmara não tomar outras medidas esta campanha pouco sensibiliza”, salientou Luís Paisana, defendendo mais controlo no consumo de bebidas na rua.
De acordo com Isabel Sá da Bandeira, esta campanha de ‘marketing’ foi ideia da autarquia lisboeta aproveitando uma proposta da associação no âmbito do Orçamento Participativo de Lisboa de 2017, que previa uma plataforma ‘online’ para queixas de ruído noturno.
A campanha de sensibilização conta com a participação de sete moradores do Bairro Alto, Bica e Santa Catarina, que dão a cara e partilham a sua experiência pessoal. A iniciativa é visível em cartazes e bases de copos na cidade.
É “dirigida, sobretudo, aos clientes dos bares, restaurantes e alojamentos locais dos bairros históricos com maior oferta de diversão noturna (Bairro Alto, Bica e Cais do Sodré)”, salienta a câmara numa nota publicada no seu ‘site’.
Questionada pela Lusa, fonte oficial da Câmara de Lisboa disse apenas que a campanha “está a correr bem”, ressalvando que “ainda é cedo para fazer um balanço”.
Em outubro, numa reunião descentralizada destinada a ouvir os munícipes das freguesias de Santo António, Santa Maria Maior e Misericórdia, o presidente do município, Fernando Medina (PS), defendeu que é “essencial o controlo do consumo de bebidas [alcoólicas] fora da porta dos bares e dos estabelecimentos a partir de determinada hora”.
“Não é fácil fazer isto. Mas não há outra solução, se não pensarmos numa resposta sobre como é que se regula o consumo de bebidas para lá ou fora da porta, na via pública, a partir de determinada hora”, reiterou.
Medina referiu ainda que "o problema já não está dentro dos estabelecimentos" e advém das "dezenas de milhares de pessoas que estão durante horas no espaço público".
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