Esta estratégia da Defesa para o Ambiente, Segurança e Alterações Climáticas foi hoje apresentada no Instituto de Defesa Nacional, em Lisboa, numa cerimónia presidida pela ministra Helena Carreiras.
A governante salientou que “a crescente frequência e intensidade de eventos climáticos extremos demonstram, de forma evidente, o seu caráter transversal”, fenómenos que estão a provocar “mudanças profundas, seja como catalisadores de conflitos e crises, sobretudo em Estados e regiões frágeis, seja em termos do aumento de fluxos de migrações forçadas, ou da pressão crescente sobre infraestruturas críticas e recursos humanos”.
“Estas circunstâncias geram novos desafios ao nível das operações militares bem como um aumento exponencial do emprego das Forças Armadas em missões de apoio civil”, sublinhou.
A estratégia apresentada hoje por Ana Correia, da Direção-geral de Recursos da Defesa (DGRDN), divide-se em sete áreas de atuação e é o primeiro documento deste tipo, com um horizonte temporal até 2030.
Entre os objetivos do documento estão o apoio à transição energética, através do reforço da capacidade de produção fotovoltaica e solar térmica, e a avaliação do potencial do hidrogénio e de outras fontes de energia renovável “em infraestruturas e suas aplicações em plataformas militares” tais como equipamentos, veículos e sistemas de armas.
Promover a conservação da natureza e biodiversidade é outro dos objetivos, tendo Ana Correia salientado que “nos últimos três anos a Defesa aumentou em 409 hectares a área florestal”.
No texto lê-se que a “extensão e implantação territorial das entidades da Defesa Nacional, assim como a restrição de acesso às mesmas”, permite a proteção “contra a intervenção humana indesejável, como a caça e a destruição de ‘habitats'”, criando as “condições ideais” para a preservação de espécies protegidas.
A estratégia estabelece a necessidade de adaptação das Forças Armadas aos efeitos das alterações climáticas, designadamente de gerir os riscos associados à saúde dos militares em contextos de ambiente extremo, mas também o enquadramento dos recursos e das capacidades existentes, “de modo a assegurar a manutenção da sua eficiência”.
“Serão promovidas inovações tecnológicas, designadamente soluções que recorram a sistemas inteligentes de gestão, armazenamento e reutilização de energia e água em ambientes militares e que promovam melhorias da cadeia logística (sobretudo no que respeita ao abastecimento de energia e água)”, estabelece o texto.
A Defesa Nacional compromete-se ainda a adotar princípios da economia circular, através do “prolongamento do ciclo de vida dos produtos, do consumo consciente, da sensibilização para escolhas sustentáveis e para a redução do desperdício, promovendo a restauração e a renovação de recursos” e melhorar a qualificação dos recursos humanos em matéria de ambiente.
Helena Carreiras referiu que, tendo em conta as alterações climáticas, esta ”estratégia é a base necessária para uma realidade incontornável” e que o “custo da inação é sempre superior ao custo de adaptação a uma nova realidade”.
“Umas Forças Armadas mais eficientes na utilização de recursos e com maior utilização de energias renováveis serão também umas Forças Armadas mais autónomas, prontas e capazes”, defendeu.
Quanto ao financiamento, cujos valores ainda não estão definidos, foi adiantado que “além dos orçamentos próprios das diferentes entidades da Defesa Nacional, serão exploradas oportunidades de financiamento” no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, entre outros programas e fundos comunitários.
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