O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou “profundo pesar”, aproveitando a nota para sublinhar ser “importante levar a sério esta pandemia do nosso descontentamento”.
“Homem Bom, dedicou a sua vida a Viseu e a Portugal, como autarca, como deputado nacional e europeu, como membro do Governo. Deixa obra e deixa saudades, lembrando-nos de como esta doença, que nos assola, é terrível e nos apanha assim, de surpresa e desprevenidos, deixando a meio tanto que ainda tinha a dar aos seus concidadãos. É uma morte que nos lembra como somos frágeis e como é importante levar a sério esta pandemia do nosso descontentamento”, lê-se em nota no portal virtual da Presidência.
O primeiro-ministro António Costa elogiou um “defensor do poder local”.
“António Almeida Henriques foi um defensor do poder local como pilar da democracia e sempre um lutador por Viseu e os viseenses. É com pesar que apresento à família e amigos, as minhas sentidas condolências”, lê-se numa publicação feita na sua conta oficial de Twitter.
O presidente do PSD, Rui Rio, e a sua direção manifestaram “grande consternação” e “sentido pesar”.
“Num ano particularmente difícil para todos os portugueses, é com profundo pesar que os sociais-democratas veem partir Almeida Henriques, um autarca dedicado. A direção do PSD, na figura do seu presidente, expressa a toda a família o seu mais sentido pesar nesta hora”, lê-se em nota publicada na página oficial da Internet do maior partido da oposição.
"Dedicou grande parte da sua vida ao serviço público"
O texto relembra a biografia do advogado, que “dedicou grande parte da sua vida ao serviço público”, destacando as suas funções governativas e o “lançamento de programas de política pública como o ‘Revitalizar’ ou ‘Valorizar’, na reprogramação estratégica e no avanço da execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e na aprovação e implementação do pacote de medidas de apoio às famílias endividadas e de disciplina de práticas bancárias abusivas”.
“Almeida Henriques era, desde 2013, presidente da Câmara Municipal de Viseu, cidade onde deixa um legado indelével, tendo mantido sempre uma participação ativa em diversas instituições culturais, sociais e científicas da cidade e da região”, lê-se ainda.
O antigo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, também já reagiu.
“A democracia está de luto, o poder local está de luto e o PSD fica irremediavelmente mais pobre”, afirmou, em declaração enviada à agência Lusa.
Montenegro, de quem Almeida Henriques foi apoiante nas eleições diretas para a liderança dos sociais-democratas contra o atual presidente, Rui Rio, em janeiro de 2020, lamentou a partida “um grande amigo, um homem bom”.
"O poder local está de luto"
“O António era uma referência da visão social-democrata de organização social, económica e política. Teve um desempenho notável como deputado, secretário de Estado e autarca, para além de uma vida associativa marcante na área económica. Foi um embaixador das empresas e do reforço da capacidade produtiva de Portugal. É uma perda enorme para Viseu, para Portugal e para o PSD”, acrescentou.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) lamentou a morte, salientando o "valioso contributo" que deu em várias matérias relevantes para os municípios.
"Na ANMP, deu um valioso contributo em diversas matérias relevantes para os municípios, para além de ter desenvolvido um trabalho entusiasta na área das cidades inteligentes", sublinha a associação, em comunicado.
"Na política, norteou a sua atividade pelos valores da democracia. Na vida privada, foi um homem que viveu de acordo com os valores da família e da amizade fraterna", acrescenta, endereçando as condolências à família.
"um homem que dedicou a vida à causa pública e ao interesse nacional"
Em comunicado oficial, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, e o secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho, “endereçam ao município de Viseu e à família e amigos os sentidos pêsames”.
Os governantes recordam o autarca como “um homem que dedicou a vida à causa pública e ao interesse nacional”, seja como deputado à Assembleia da República e como secretário de Estado e, mais recentemente, como presidente da Câmara Municipal de Viseu e vice-Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
Os autarcas de Viseu destacaram o “defensor acérrimo” da região.
“Homem de convicções fortes, defensor acérrimo de Viseu e da região, dedicou a sua vida à causa pública, ocupando diversas funções de grande responsabilidade, tanto ao nível do associativismo, como a nível político”, destacou o presidente de Sátão.
Paulo Santos refere que “nas inúmeras funções que desempenhou, sempre demonstrou uma relação especial de proximidade e defesa do concelho de Sátão, salientando-se o papel principal na manutenção dos Serviços e na criação da nova ligação Sátão-Viseu”.
“Em nome do executivo da Câmara Municipal e do Município de Mangualde, deixo uma palavra de homenagem ao Homem, ao Político à sua dedicação à causa pública e à defesa do nosso território”, escreveu Elísio Oliveira.
O presidente de Vouzela, Rui Ladeira, evidencia o “Homem de convicções fortes, defensor acérrimo de Viseu e da região, dedicou a sua vida à causa pública, destacando-se no associativismo empresarial” e em cargos políticos, como a Câmara de Viseu “onde promoveu diversos investimentos de grande valia e projeção regional e nacional”.
O presidente da União de Freguesias de Viseu, numa nota enviada à agência Lusa, refere que “Viseu ficou mais pobre”, lamenta que “o maldito vírus” tenha tirado a vida de Almeida Henriques, “um homem bom, um visionário que sentia e respirava Viseu e a sua gente”.
“Um homem de fortes convicções e de visão larga, os seus feitos ficarão para sempre presentes na nossa memória e inspirarão as gerações vindouras. Guardaremos para sempre as suas palavras amigas e encorajadoras. A obra perdurará nos tempos”, disse Diamantino Santos.
O ex-deputado e ex-candidato à Câmara de Viseu pelo CDS-PP, no ano em que Almeida Henriques a conquistou pela primeira vez, em 2013, Hélder Amaral, lembra que “foram mais de 30 de uma relação intensa, muitas vezes em lados opostos - na Assembleia Municipal, na Assembleia da República e na vereação da Câmara Municipal de Viseu -, mas também do mesmo lado, como nos governos de coligação”.
“Muito por mérito do António, senti sempre que estávamos do mesmo lado, porque a última palavra dele foi sempre de apaziguamento. São assim os grandes líderes e os bons amigos, pois a minha relação com o António foi muito além da política”, escreveu, numa nota enviada à agência Lusa.
A Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal agradeceu o contributo do presidente da Câmara de Viseu o engrandecimento da região e do país, considerando a sua morte "uma perda irreparável".
"Contribuiu de forma ímpar para o engrandecimento da região Centro de Portugal e do país, em todas as áreas em que pautou o seu trajeto pessoal e profissional, sempre com invulgar brilhantismo", sublinha esta entidade, em comunicado.
Considerando Almeida Henriques "um homem e um autarca exemplar", o Turismo do Centro de Portugal refere que o autarca, "no seu percurso, abraçou sempre, de forma inexcedível e com grande entusiasmo", as suas iniciativas.
"Os pensamentos e a solidariedade do Turismo Centro de Portugal estão, nesta hora difícil, com a família e amigos enlutados", acrescenta.
A direção do Partido Socialista lamentou também hoje a morte de Almeida Henriques, enviando "as mais sentidas condolências" à autarquia, à associação dos municípios portugueses e ao PSD, partido de que o autarca era militante.
Através do secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro, da secretária nacional para as autarquias, a deputada Maria da Luz Rosinha, o PS transmitiu "as mais sentidas condolências" à Câmara Municipal de Viseu, à Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e ao presidente do PSD, Rui Rio.
Antes, a bancada parlamentar socialista também já tinha expressado hoje "o seu mais profundo pesar" pela morte do autarca social-democrata viseense Almeida Henriques, e enviado "as mais sentidas condolências" à sua homóloga do PSD.
"O grupo parlamentar do PS manifesta o seu mais profundo pesar pela morte de António Almeida Henriques, presidente da Câmara de Viseu e ex-deputado à Assembleia da República. Ao grupo parlamentar do PSD endereçamos as mais sentidas condolências", lê-se em nota publicada nas redes sociais.
O autarca que queria trabalhar em rede na região e ser voz forte no país
O social-democrata Almeida Henriques, que morreu hoje devido à covid-19, dedicou parte da vida à atividade empresarial, passou pelo Governo e queria continuar a trabalhar para que Viseu fosse uma voz liderante na região e influente no país.
António Almeida Henriques integrou uma lista de nomes homologados pela Comissão Política Nacional do PSD como candidatos a presidentes de Câmara nas próximas eleições autárquicas, divulgada em 3 de março, mas, um dia depois, testou positivo à covid-19 e teve de ser internado no Hospital de São Teotónio (Viseu), no dia 7.
O autarca não pôde assim cumprir na totalidade o seu segundo mandato, durante o qual queria ser “uma voz em rede com os municípios com quem Viseu forma uma comunidade e uma região” e “uma voz forte e esclarecida perante o poder central”, de quem reclamava transparência, lealdade e cooperação.
Natural de Viseu e advogado de profissão, Almeida Henriques tinha 59 anos, era casado e pai de três filhos.
Nas eleições autárquicas de 2013, sucedeu ao social-democrata Fernando Ruas e, em 2017, os viseenses voltaram a depositar em si a confiança para um novo mandato.
Almeida Henriques deixou o cargo de secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional no XIX Governo Constitucional para ser o candidato do PSD nas autárquicas de 2013 e, logo que venceu, considerou que o concelho estava a viver “o início de um novo ciclo”, depois de 24 anos de governação de Fernando Ruas (que não pôde recandidatar-se por ter ultrapassado o limite de mandatos).
Levar Viseu a assumir-se “como uma das principais capitais de distrito, uma das principais cidades/região”, foi um desígnio que estabeleceu o antigo deputado da Assembleia da República (na IX, X, XI e XII legislaturas) e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD (entre 2005 e 2007, e entre 2010 e 2011).
Se no primeiro mandato a sua preocupação foi lançar as bases de uma nova estratégia de desenvolvimento, no segundo mandato o também vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) quis executar essa estratégia, com a ajuda dos fundos comunitários.
Entre os investimentos considerados estratégicos para o concelho estavam, por exemplo, o projeto Mobilidade Urbana de Viseu, o Viseu Arena (resultante da transformação do pavilhão multiusos) e a cobertura do Mercado 02 de Maio.
A execução da cobertura do Mercado 02 de Maio - que arrancou em fevereiro e que visa transformar aquele espaço numa praça de restauração e eventos - foi uma das últimas polémicas em que Almeida Henriques esteve envolvido, tendo recebido críticas de dirigentes culturais, historiadores e arquitetos.
Almeida Henriques era também presidente da Secção de Smart Cities da ANMP e do Conselho Estratégico do Portugal Smart Cities Summit (no âmbito da Fundação Associação Empresarial de Portugal), e encontrava-se a fazer uma forte aposta nesta área no seu concelho.
O autarca era ainda presidente do conselho geral da Fundação para os Estudos e Formação nas Autarquias Locais.
Entre 2011 e 2013, quando exerceu as funções de secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques destacou-se no lançamento de programas de política pública, como o Revitalizar e o Valorizar.
A reprogramação estratégica, o avanço da execução do Quadro de Referência Estratégico Nacional e a aprovação e implementação de um pacote de medidas de apoio às famílias endividadas e de disciplina de práticas bancárias abusivas foram outras áreas em destaque.
O social-democrata foi também presidente da Associação Industrial da Região de Viseu (AIRV), de 1994 a 2002, presidente da direção do Conselho Empresarial do Centro - Câmara de Comércio e Indústria, de 2002 a 2010, e vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, de 2005 a 2010, entre outros cargos que teve ao nível associativo e empresarial.
Como autarca, foi presidente da Assembleia Municipal de Viseu e da Assembleia da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões.
Teve ainda uma participação ativa em várias instituições culturais, sociais e científicas da região e foi fundador e administrador de várias empresas.
Era comendador da Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial, por atribuição do Presidente da República Jorge Sampaio, e presidente honorário da AIRV.
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