Ouça aqui o podcast "O sapo e o escorpião" que todas as semanas trará a discussão política ao SAPO24. No episódio de estreia, o convidado foi Pedro Santana Lopes.
“Sempre fui contra o bloco central, mas estamos num momento excecional que muitas pessoas ainda não perceberam. Vivemos um tempo horrível, inacreditável, acho que se justifica um governo de salvação nacional”, defendeu Pedro Santana Lopes na entrevista de estreia ao podcast “O sapo e o escorpião” produzido pela MadreMedia para o SAPO24.
Vivemos tempos horríveis e acho que se justifica um governo de salvação nacional
Na equação de “governo de salvação nacional”, o agora presidente da câmara da Figueira da Foz deixa de fora dois partidos. “Há um partido que é o Bloco de Esquerda, que está fora de um consenso básico. E o Chega, cada vez mais”.
Uma ideia reforçada no que respeita aos objetivos de crescimento económico: “só podemos crescer com um PS que não esteja nas mãos do Bloco de Esquerda”.
“Isto das eleições foi uma grande armadilha para o centro-direita”, afirma, mas considera o cenário de um governo minoritário uma solução que não serve o país. O que o leva a defender uma solução de consenso envolvendo o espetro político “do CDS ao PCP”.
“Um governo de calamidade é melhor não, mas um governo de emergência justifica-se”.
Sobre as recentes diretas para a liderança no PSD, partido no qual militou quatro décadas e do qual saiu para fundar o Aliança (que entretanto abandonou), Pedro Santana Lopes diz que Rui Rio “já deu vários sinais que não deve ser menosprezado”. O que não significa que se reveja na sua estratégia.
“Mas o que fez Rui Rio?”. Foi o título que Pedro Santana Lopes teve pensado para um artigo que não chegou a publicar em que dizia não conseguir perceber a desilusão de alguns “ilustres” do PSD, como Pinto Balsemão, Manuela Ferreira Leite e Morais Sarmento, em relação a Rui Rio.
Rui Rio é igual ao que sempre foi. Anda atrás do Dr. António Costa desde que foi eleito líder, ou antes, e com o Dr. António Costa a tratá-lo mal e a desprezá-lo
“Ele [Rui Rio] é igual ao que sempre foi. Anda atrás do Dr. António Costa desde que foi eleito líder, ou antes, e com o Dr. António Costa a tratá-lo mal e a desprezá-lo”, afirma na entrevista ao “O sapo e o escorpião”. A surpresa de Pedro Santana Lopes na vitória e na estratégia de Rui Rio é outra. “O que me espantou foi o meu partido querer abraçar aquilo. As pessoas têm de perceber que o PSD quer mesmo aquilo”.
O mesmo Santana Lopes que garante que “afina aos 60 como aos 20”, quando a idade é invocada para o que se pode ou não fazer, defende que o divórcio das gerações mais novas da política é um dos desafios que considera que os partidos têm pela frente. “Têm de atualizar as suas propostas, aquilo é velho e serôdio”, algo que passa por olharem para “temas de que ninguém fala”. Como por exemplo? Criptomoedas, privacidade de dados e se o poder político vai ser dos Estados.
E à pergunta que dá mote ao podcast – é sapo ou escorpião? – Pedro Santana Lopes responde: “sou caranguejo, de signo”. Já sobre o sapo e o escorpião da política portuguesa, as escolhas surgiram rápidas. “O sapo é António Costa, é ele que tem de atravessar o rio, dois rios. Já o escorpião está mais à direita e pode dar cabo de muita gente”.
A conversa com Pedro Santana Lopes foi gravada na sexta-feira, 3 de dezembro, na mesma altura em que foi tornada pública a demissão de Eduardo Cabrita, que acabou por ser o tema de fecho do podcast.
"Eu nunca falei sobre o tema, por isso não quero explorar. Mas acho que era óbvio. É um azar, um azar principalmente para quem morreu, mas para alguém que seja ministro e que tenha um motorista à sua responsabilidade, àquela velocidade [163km/h], e que mata uma pessoa, só pode ter uma consequência politicamente, que é aquela que aconteceu hoje", disse Santana Lopes, poucos minutos depois de ter sido conhecida a notícia da demissão do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
"Quem se vê numa situação como esta tem de sair, sem esperar por qualquer controvérsia política", considera Santana Lopes, acrescentando, todavia, que "compreende" a decisão do ex-ministro de "esperar pelo inquérito" para pedir a exoneração do cargo. "É pena é esses inquéritos demorarem tanto tempo, mas é o que temos".
O carro está ao nosso serviço, e os motoristas, coitados, muitas vezes têm de andar depressa, porque são os governantes ou os autarcas que lhes pedem para irem depressa
"Eu já fui membro de um governo e hoje em dia como presidente de câmara tenho motorista e é evidente que nestas circunstâncias nós também temos responsabilidade pela velocidade a que o nosso carro vai. E, se a lei não é clara quanto a isso, deve ser. Porque obviamente o carro está ao nosso serviço, e os motoristas, coitados, muitas vezes têm de andar depressa, porque são os governantes ou os autarcas que lhes pedem para irem depressa", disse.
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