Tedros Adhanom Ghebreyesus falava no encerramento da 148.ª sessão do Conselho Executivo da OMS, quando insistiu na necessidade de as vacinas contra a pandemia terem uma distribuição equitativa no mundo. Na abertura da sessão (dia 18) já tinha dito que o mundo “está à beira de um fracasso moral catastrófico” se os países ricos não partilharem as vacinas com os países pobres.
Na cerimónia de hoje recordou essas palavras quando citou um estudo, divulgado na segunda-feira (da “International Chamber of Commerce Research Foundation), segundo o qual o fracasso será também económico.
O estudo conclui, enfatizou, que o nacionalismo vacinal pode custar à economia global até 9,2 triliões de dólares, e quase metade desse valor – 4,5 triliões de dólares — é imputado às economias mais ricas.
No entanto, disse, financiar o mecanismo da OMS de distribuição equitativa de vacinas custaria este ano 26 mil milhões de dólares.
Tedros Adhanom Ghebreyesus lembrou também que há um ano declarava a emergência internacional em saúde pública a propósito do novo coronavírus, quando se registavam 98 casos e nenhuma morte fora da China.
“Esta semana esperamos atingir 100 milhões de casos notificados e mais de dois milhões de pessoas perderam as suas vidas”, acrescentou.
E afirmou depois: “Quando este Conselho se reuniu há um ano disse que o mundo tinha uma ´janela de oportunidade´ para impedir a transmissão generalizada do novo vírus. Alguns seguiram esse apelo, outros não”.
Agora, disse o responsável, as vacinas estão a dar outra janela de oportunidade para controlar a pandemia, mas o que está a acontecer é que os países ricos estão a lançar vacinas e os países mais pobres estão a assistir e a esperar.
“A cada dia que passa, a divisão cresce mais entre os que têm e os que não têm no mundo”, lamentou, acrescentando que o nacionalismo das vacinas “pode servir objetivos políticos a curto prazo”, mas é do próprio interesse da cada nação “apoiar a equidade das vacinas”.
“Deixo-vos com o desafio que lancei no início da semana: juntos, devemos assegurar que a vacinação dos trabalhadores da saúde e das pessoas mais velhas esteja em curso em todos os países nos primeiros 100 dias deste ano. Restam-nos 74 dias. O tempo é curto, e a aposta não poderia ser maior”, concluiu.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.140.687 mortos resultantes de mais de 99,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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