Gagnon explicou que uma das maiores prioridades da agência atualmente é reabrir as escolas para que as crianças possam regressar a uma vida normal.
No entanto, muitas destes infraestruturas estão a ser usadas como abrigos para famílias deslocadas, que devem primeiro encontrar alojamento, frisou.
A coordenadora, que se deslocou recentemente a Derna, sublinhou hoje, em conferência de imprensa, que o que viu na cidade foi “pouco compreensível”.
“Havia partes da cidade que estavam quase irreconhecíveis e essas áreas estavam agora completamente vazias”, apontou Gagnon.
Sobre o número de mortos, a coordenadora foi mais conservadora do que as autoridades locais, e declarou que o número confirmado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) se aproxima dos 4.000 mortos, com pelo menos 5.000 desaparecidos.
As autoridades líbias, por sua vez, estimam o número de mortos em cerca de 11 mil pessoas e os desaparecidos em 10.000.
Gagnon lembrou o apelo da ONU à comunidade internacional, para doar 71,4 milhões de dólares (cerca de 66,7 milhões de euros) para ajudar na reconstrução e nos esforços de resgate, embora tenha alertado que há cada vez menos probabilidades de encontrar pessoas vivas nos escombros.
A divisão política complica ainda mais os esforços de resgate e reconstrução neste país de sete milhões de habitantes, imerso em mais de uma década de conflito desde que a revolta da Primavera Árabe, apoiada pela NATO, derrubou o governante autocrático Muammar Kadhafi em 2011.
Duas autoridades opostas dividem o poder executivo: o Governo de Unidade Nacional (GNU) e o Governo de Benghazi, eleito pelo Parlamento e sob o controlo de Haftar, liderado por Osama Hammad.
Gagnon garantiu que está em contacto constante com líderes líbios de diferentes partes do país e pediu às autoridades locais que façam um esforço maior para coordenar a sua resposta à tragédia.
A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia também alertou hoje para um surto de doenças no país, que poderá criar “uma segunda crise devastadora”, havendo já relatos de propagação de diarreia.
Em comunicado, a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia disse estar particularmente preocupada com a contaminação da água e a falta de saneamento após duas barragens terem rompido durante a tempestade mediterrânica Daniel, que enviou uma parede de água para cidade oriental de Derna, em 11 de setembro.
Também hoje, a UNESCO disse estar preocupada com o estado das ruínas de Cirene, uma antiga cidade greco-romana que fica a cerca de 60 quilómetros a leste de Derna.
Cirene é um dos cinco locais do Património Mundial da UNESCO na Líbia.
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