Não há nenhum registo escrito desta batalha e desconhece-se o local onde terá ocorrido. No entanto, os investigadores que publicaram os resultados das suas investigações na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) descobriram uma planície de 750 mil metros quadrados onde, depois da batalha, foram deixados os corpos.
Trata-se de uma planície de 750 mil metros quadrados com mais de 2.300 vestígios ósseos enterrados em turfa, um género de carvão mineral, e nos sedimentos do lago, que, segundo datações de carbono, seriam do ano 2 a.C. até ao ano 54 d.C.
Os ossos parecem proceder de uma população relativamente heterogénea, já que alguns deles teriam entre 13 e 14 anos, enquanto outros teriam 40 a 60 anos no momento da sua morte. Estima-se que 380 homens tenham morrido em combate naquele local.
A investigação indica também que alguns dos corpos eram transformados em troféus. Quatro pélvis, por exemplo, foram encontradas espetadas num pau de madeira, o que os investigadores sugerem tratar-se de um ritual pós-batalha.
"Essas quatro pélvis espetadas num pau poderiam ter uma conotação de humilhação sexual", sugere Mette Løvschal, do departamento de arqueologia da Universidade de Aarhus. "Também mostra um lado muito agressivo”, acrescenta.
Segundo a investigadora, esta é a descoberta mais antiga de "um grande contingente de combatentes de um exército vencido no primeiro século depois de Cristo".
"Os ossos estão excepcionalmente bem conservados", disse à AFP Mette Løvschal. "Vemos coisas que não se veem normalmente, como marcas de mordidas de animais ou marcas de armas brancas", destacou.
Há 2.000 anos, os exércitos romanos invadiram o norte da Europa e no ano 7 d.C. sofreram um ataque das tribos germânicas que retirou a vida a milhares de soldados.
"Nos anos seguintes, os romanos lançaram incursões militares na Germânia para castigar os bárbaros após a enorme derrota", explica Mette Løvschal. "Acreditamos que os restos descobertos são o resultado de uma dessas expedições de castigo", acrescenta.
Os ossos fornecem também informação sobre os combates corpo a corpo: os golpes das armas concentravam-se do lado direito e os ferimentos raramente se encontravam no centro do corpo, talvez pelo facto de os guerreiros usarem um escudo no braço esquerdo.
As marcas de mordidas de lobos e de hienas nos ossos sugerem que os corpos permaneceram entre seis e doze meses no campo de batalha — que ainda não foi encontrado —, e que foram, de seguida, colocados na trufa, depois de lhes serem retirados os objetos pessoais.
Já nas investigações arqueológicas entre 2009 e 2014, tinham sido encontrados em Alken Enge, na península dinamarquesa de Jutland, os ossos de pelo menos 82 pessoas.
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