Entre os bombardeamentos com mísseis, registou-se o primeiro contra Kiev em quase dois meses, apesar de não haver relatos de ter atingido qualquer alvo.
A câmara municipal da capital ucraniana indicou que a Força Aérea do país intercetou 11 mísseis de cruzeiro e dois veículos aéreos não-tripulados sobre Kiev.
O bombardeamento ao edifício de apartamentos de nove andares no centro da Ucrânia ocorreu em Uman, uma cidade situada a cerca de 215 quilómetros a sul de Kiev.
Dezoito pessoas foram mortas nesse ataque, entre as quais três crianças — duas de dez anos e um bebé -, segundo o governador da região, Ihor Taburets.
Outra vítima mortal foi uma mulher de 75 anos que vivia num prédio vizinho e morreu de hemorragia interna causada pela onda de choque da explosão, segundo as equipas de emergência no local.
A polícia nacional ucraniana indicou que 17 pessoas ficaram feridas e três crianças foram resgatadas com vida dos escombros. Nove pessoas foram hospitalizadas.
Esse bombardeamento ocorreu num local muito distante das extensas linhas de frente do conflito ou de zonas de intensos combates no leste da Ucrânia, onde se trava uma dura guerra de desgaste.
Noutro ataque, na cidade oriental de Dnipro, foram mortas uma mulher de 31 anos e a sua filha de dois anos, indicou o governador regional, Serhii Lysak.
Quatro pessoas ficaram feridas e uma residência particular e uma empresa sofreram danos.
Moscovo tem frequentemente lançado ataques com mísseis de longo alcance ao longo dos 14 meses de guerra na Ucrânia, muitas vezes atingindo indiscriminadamente áreas civis.
As autoridades ucranianas e analistas têm alegado que tais ataques são parte de uma estratégia deliberada de intimidação do Kremlin.
O Ministério da Defesa russo declarou que os mísseis de cruzeiro de longo alcance lançados do ar hoje de madrugada tinham como alvos instalações onde se encontravam alojadas unidades militares ucranianas de reserva antes de serem enviadas para o campo de batalha.
“O ataque cumpriu o seu objetivo. Todos os alvos definidos foram atingidos. O avanço das unidades de reserva inimigas para as zonas de combate foi detido”, afirmou o porta-voz do ministério, o tenente-general Igor Konashenkov, não fazendo qualquer referência a zonas ou edifícios residenciais bombardeados.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, sustentou que o bombardeamento russo desta madrugada mostra que o Kremlin não está interessado num acordo de paz.
“Ataques com mísseis que matam ucranianos inocentes durante o sono, incluindo uma criança de dois anos, é a resposta da Rússia a todas as iniciativas de paz”, escreveu Kuleba na rede social Twitter, acrescentando: “O caminho para a paz é expulsar a Rússia da Ucrânia”.
A ofensiva militar russa lançada a 24 de fevereiro de 2022 na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 429.º dia, 8.574 civis mortos e 14.441 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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