A moção de Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular e conhecido por “Chicão”, intitulada “Voltar a acreditar” e que reclamava uma mudança no partido, obteve 671 votos.
Atrás ficou a moção do deputado João Almeida, com 562 e a de Filipe Lobo d`Ávila, com 209 votos. Quer João Almeida quer Lobo d`Ávila adiantaram que vão apresentar listas apenas ao Conselho Nacional, cumprimentando Rodrigues dos Santos pela vitória da sua moção de estratégia para os próximos dois anos.
Hoje, entre as 09:30 e as 12:30 decorrerá a eleição para os órgãos de direção, seguindo-se a apresentação de moções setoriais e o encerramento, às 13:30, com o discurso do futuro líder do CDS.
Se ao início da tarde as candidaturas adversárias de Rodrigues dos Santos relativizavam o significado dos aplausos ao candidato da Juventude Popular, ao final da noite já admitiam que estava "renhido" e mais tarde que ganharia. Ao todo, retirando as interrupções de uma hora para almoço e jantar, o primeiro dia prolongou-se por 14 horas e terminou na madrugada de domingo.
A jornada começou cerca das 11:00, com uma breve homenagem a Diogo Freitas do Amaral, fundador do partido que morreu em outubro passado, com os delegados a cumprirem um minuto de silêncio também por outros dirigentes já falecidos.
A manhã do primeiro dia foi marcada pela despedida de Assunção Cristas, que assumiu ter falhado nos objetivos: “Cumpri o caminho traçado e a estratégia proposta, mas cumpre-me hoje reconhecer uma evidência: falhei o resultado”, afirmou.
Nas primeiras intervenções dos principais candidatos à liderança, foi Francisco Rodrigues dos Santos a levantar a sala com um discurso inflamado em defesa de um “partido popular interclassista” e com valores de direita.
O descontentamento com o resultado eleitoral obtido pelo CDS-PP nas legislativas de outubro passado – 4,25 % e cinco deputados eleitos, menos 13 do que os eleitos em 2015 – foi visível ao longo da tarde, com muitos delegados a advertir para o “descrédito” do CDS junto dos eleitores e a reclamar uma mudança de direção do partido
Entre as dezenas de intervenções das chamadas “bases” do partido, alguns delegados advertiram que o CDS não perdeu só votos como militantes e exigiram mudança.
João Almeida, apontado pelo adversário Matos Santos – que desistiu em favor de Rodrigues dos Santos – como o candidato da “continuidade” e do “mais do mesmo” procurou desfazer essa ideia, invocando a sua experiência como secretário de Estado e parlamentar, e apresentou-se como aquele que “pode unir” o partido.
Ao final da tarde, o 28.º Congresso viveu momentos de tensão quando o antigo ministro da Economia Pires de Lima se dirigiu, no púlpito, a Francisco Rodrigues dos Santos para lhe pedir respeito pelos adversários, advertindo que se lhe deve "dar tempo" para "apurar a sua cultura democrática".
Pires de Lima foi vaiado por grande parte da sala e, a seguir, o ex-dirigente Adolfo Mesquita Nunes fez uma intervenção em sua defesa, criticando quem apupou um ministro que “tirou o país da bancarrota”.
Lobo d’Ávila considerou ser “o único que consegue fazer pontes com aqueles que são os outros dois candidatos”, Francisco Rodrigues dos Santos e João Almeida, e o único “capaz de contribuir para a união deste partido”.
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