Numa apresentação pública da requalificação do museu, no Mosteiro dos Jerónimos, onde está localizado, o diretor, António Carvalho, explicou que o MNA “encerrará em breve” e só reabrirá em 2025, para que seja feita uma “requalificação integral que não é comum em Portugal”.
O encerramento acontecerá assim que transferirem o sistema de bilheteira para os espaços do Mosteiro dos Jerónimos.
Há décadas que o Museu Nacional de Arqueologia reclamava uma intervenção de fundo de espaços e de exposição permanente, uma vez que muito do espólio está guardado em reservas, inacessíveis ao público.
“É um ato de justiça para com o museu”, sublinhou António Carvalho, reconduzido este ano na direção, para um mandato de nove anos.
Sobre a aplicação dos 24,5 milhões de euros previstos no PRR, o diretor mencionou “um prazo apertadíssimo” para executar “uma intervenção profunda e hercúlea”.
O museu terá ainda a área ampliada pela cedência da Torre Oca do Mosteiro dos Jerónimos, atualmente ocupada pelo Museu de Marinha, e sofrerá uma reorganização dos espaços no subsolo, numa intervenção que, em simultâneo, servirá para consolidar as fundações do mosteiro e protegê-las de “vulnerabilidades sísmicas”.
Sem adiantar o cronograma previsto, António Carvalho falou num trabalho de desconstrução e desmontagem do museu, para duplicar a área expositiva, de modo a que, em 2025, surja “um museu novo para o século XXI”, que conte a história da ocupação humana no território que é hoje Portugal.
Referindo que a estreita ligação do MNA com a comunidade científica, António Carvalho afiançou que os projetos de investigação não serão interrompidos com as obras no edifício.
Questionado pela agência Lusa sobre a necessidade de profissionais para o futuro museu, o diretor disse que, no mínimo, precisará do dobro dos 36 trabalhadores que atualmente estão integrados na estrutura do MNA.
Na sessão de apresentação, o diretor-geral do Património Cultural (DGPC), João Carlos Santos, recordou que a intervenção no MNA será acompanhada também de um projeto de intervenção no mosteiro dos Jerónimos, orçado em três milhões de euros, igualmente no âmbito do PRR.
Presente na sessão, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirmou que o investimento que será feito no Património, com verbas do PRR, é “uma decisão política”.
O MNA, com 24,5 milhões de euros, e o Teatro Nacional de São Carlos, com 27,9 milhões de euros, são os dois equipamentos com a maior fatia de investimento no PRR para a Cultura, representando, no conjunto, 52,4 milhões de euros, mais de um terço da 'fatia' destinada ao património (150 milhões de euros) e mais de um quinto do total para o setor (243 milhões).
As verbas do PRR para a área da Cultura somam um valor global de 243 milhões de euros, a aplicar até 2025.
Para a área da salvaguarda do património cultural estão destinados 150 milhões de euros, a repartir pela requalificação e conservação de 46 museus, palácios, monumentos e teatros nacionais, e também para o programa Saber Fazer.
O Fundo de Salvaguarda do Património Cultural ficará responsável pela aplicação dos 150 milhões do PRR e será o intermediário na atribuição das verbas com as entidades envolvidas.
O PRR é um mecanismo de financiamento, de âmbito europeu, para ser aplicado em reformas estruturais em resposta à crise pandémica provocada pela covid-19.
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