Em entrevista à Antena1, Montenegro disse ter indicações de que há elementos dos órgãos de cúpula do PSD a negociar lugares, designadamente autárquicos, em troca do apoio a Rui Rio na corrida à liderança do partido.
"Há membros da comissão política e até da comissão permanente a oferecer lugares em troca de apoios. Eu não ofereci lugares a ninguém", assegurou o ex-líder da bancada social-democrata em entrevista à jornalista Natália Carvalho.
Montenegro manifestou também a convicção de que alguns dos líderes do PSD dos últimos anos o apoiam na corrida contra Rui Rio, mas limitou-se a indicar o nome de Rui Machete.
"Eu sei que há muitos líderes do PSD que estiveram na liderança nos últimos anos que votam em mim e que me apoiam. Não tenho nenhuma dúvida sobre isso", salientou, embora afirmando compreender o recato dos ex-presidentes.
O ex-líder do Grupo Parlamentar do PSD classificou como "pura retórica política" a ideia de que os eleitores estão preocupados com a colocação do PSD no espetro partidário, lembrando que quando Cavaco Silva se candidatou "nunca perguntaram se era de esquerda ou de direita".
"Podem usar as designações que quiserem mas o PSD é um partido popular", acentuou, defendendo a necessidade de "um projeto político aglutinador" para aquela que disse ser "a alternativa não socialista em Portugal".
A política de alianças do PSD deve fazer "no espaço não socialista" e se, atualmente, com o Chega, "há muitas questões que são inconciliáveis", no futuro é preciso perceber qual o projeto do partido de André Ventura, sustentou.
Montenegro assumiu "muita honra" por ter dirigido o grupo parlamentar no tempo de Pedro Passos Coelho, deixando uma convicção: "Tenho a certeza de que, se Pedro Passos Coelho tivesse sido primeiro-ministro no mandato que terminou em 2015, nós hoje estaríamos com um Portugal bem mais rico e desenvolvido e com um PSD, se calhar, com uma grande maioria no parlamento".
O ex-líder parlamentar social-democrata voltou a acusar Rui Rio de estar "em permanente conflito" com o partido para fazer logo a seguir o contraponto: "Não sou um divisionista, sou um agregador".
E se perder as eleições diretas no sábado contra o atual líder? "Vou regressar à minha condição de militante de base e exercer a minha profissão", concluiu.
A segunda volta da eleição direta para a presidência da Comissão Política Nacional do PSD realiza-se no sábado.
Rui Rio foi o candidato mais votado com 49,02% dos votos e Luís Montenegro conseguiu 41,42%, de acordo com os números finais disponíveis no site do PSD.
Miguel Pinto Luz, o terceiro candidato mais votado, obteve 9,55% (3.030).
Dos 40.604 militantes em condições de votar, fizeram-no 32.082 (uma participação de 79%).
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