“Relativamente ao congresso [o 38.º, marcado para 07, 08 e 09 de fevereiro, em Viana do Castelo], vou ceder a todos os que se zangaram comigo por ter feito unidade com Pedro Santana Lopes, que não correu bem. Desta vez, há uma lista própria e os congressistas vão votar”, disse, em resposta aos jornalistas na sala de um hotel do Porto onde fez o discurso de vitória nas eleições diretas do partido.
Para Rio, o resultado de sábado é “inequivocamente claro” e significa que voltou “a ganhar as eleições para presidente do PSD”, para além de ser, do seu ponto de vista, “suficiente para a unidade” no partido.
“Se queria ter mais [percentagem de votos]? Queria ter, como é lógico. Mas isso não é politicamente relevante. Só faltava, após três meses [de campanha eleitoral para as diretas], ainda ver se falta mais um voto aqui ou acolá”, avisou.
Rio observou ainda que “uma coisa” é o presidente do PSD “querer a unidade e dar passos nesse sentido” e “outra coisa é os outros quererem”.
“Aí não consigo fazer milagres”, notou.
Em 2018, após as diretas que opuseram Rui Rio e Pedro Santana Lopes, levando o primeiro a vencer com 54% e o segundo a obter perto de 46%, os dois chegaram a acordo para listas de unidade aos órgãos nacionais do partido, algo que o presidente reeleito agora recusa.
Em janeiro de 2018, Rui Rio foi eleito presidente do PSD com 22.728 votos, correspondentes a 54,1%, contra os 19.244 (45,85%) de Pedro Santana Lopes.
A distância entre aqueles dois candidatos, nas oitavas eleições diretas da história do partido, foi de 3.484 votos.
Rio foi este sábado reeleito com 53,02% dos votos (16.420), derrotando o ex-líder parlamentar Luís Montenegro, que teve 46,98% (14.547), anunciou o Conselho de Jurisdição Nacional do partido pelas 23:20.
Questionado sobre se a diferença de cerca de dois mil votos relativamente a Montenegro pode levar os seus opositores a tentar infernizar o partido, Rio assegurou que, se fosse o perdedor, um voto bastava para que não o fizesse.
“Para mim, um voto a mais de quem ganhasse, era suficiente, se tivesse perdido, para ninguém infernizar a vida de ninguém. Para mim, bastava um voto e eu respeitava”, garantiu.
Quanto à composição das listas para as autárquicas de 2021 e para as eleições regionais nos Açores, o presidente reeleito do PSD frisou contar “com todos que estejam pela estabilidade e com lealdade”.
“Todos têm lugar, desde que obedeçam a este princípio”, frisou.
“Com seriedade e lealdade cabem todos sem exceção”, acrescentou.
Rui Rio descreveu que aceita, “desde pequenino, todas as diferenças de opinião, porque enriquecem”.
“O que não aceito é quando não há diferenças de opinião e se inventam para criar problemas”, notou.
Rio lembrou ainda os três principais objetivos aos quais está “amarrado”, e que foram os que serviram de mote à sua candidatura.
O reeleito presidente começou por referir o “reforço da implantação autárquica e regional nos Açores”.
Relativamente às eleições regionais nos Açores, marcadas para outubro, Rio afirmou que o PS tem naquela região, “há 24 anos, um poder tentacular”.
“Penso que estamos em condições de disputar as eleições taco-a-taco”, frisou.
Rio recordou ainda o compromisso com a abertura do PSD à sociedade civil e com uma “oposição construtiva e credibilizadora”.
“Acredito que servimos o país tanto no governo como na oposição”, destacou.
O presidente do PSD, Rui Rio, e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro disputaram no sábado eleições diretas para a liderança do partido, numa inédita segunda volta em que podiam votar 40.604 militantes com as quotas em dia.
O atual presidente do PSD foi o candidato mais votado na primeira volta das diretas, realizada há uma semana, com 49,02% dos votos expressos, enquanto o antigo líder parlamentar social-democrata conseguiu 41,42%.
Miguel Pinto Luz, o terceiro candidato mais votado, obteve 9,55% (3.030 votos) e ficou fora da segunda volta.
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