A intervenção contemplou, além da preservação, a disponibilização pública da biblioteca e em especial do Fundo do Livro Antigo da Brotéria, com 4.000 livros, segundo um comunicado divulgado pela Fundação Calouste Gulbenkian sobre o galardão que também entregará menções honrosas a projetos em Lisboa, Coimbra e Funchal.
O prémio, que distingue intervenções em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do património, recebeu este ano 20 candidaturas e o vencedor, a Associação Brotéria, obteve a unanimidade do júri, indicou a promotora do galardão criado em 2007 em homenagem ao mecenas Vasco Vilalva (1913-1975).
O acervo bibliográfico da Brotéria foi sendo reunido ao longo dos últimos 100 anos, integrando atualmente cerca de 160 mil volumes: 90 mil títulos pertencentes ao Fundo Geral, perto de 4.000 mil ao Fundo de Livro Antigo – publicados até ao ano de 1800 – e cerca de 65 mil periódicos.
A intervenção “implicou não só a limpeza e estabilização de todos os volumes, como também o restauro, por profissionais especializados, das espécies em estado de conservação mais crítico”, segundo o comunicado da Gulbenkian.
O projeto contemplou a disponibilização dos espólios bibliográficos de vários investigadores, o acesso digital a fundos documentais do Arquivo Romano da Companhia de Jesus e ao Fundo “Jesuítas na Ásia” da Biblioteca da Ajuda, a abertura gratuita da biblioteca ao público e uma programação de cursos, palestras, mesas-redondas e exposições.
O júri do prémio considerou ainda que este projeto “contribui para a consolidação local de um importante polo de dinamização cultural que, por sua vez, se articula com a rede envolvente de instituições congéneres”, nomeadamente o Palácio, a Igreja e o Museu de São Roque, o Museu do Chiado, os teatros de São Carlos, São Luiz e Trindade, a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e o Conservatório Nacional.
O júri do prémio propôs ainda a atribuição de menções honrosas aos projetos de recuperação do Palácio de São Roque — Casa Ásia — Coleção Francisco Capelo, de Lisboa, de reabilitação do Seminário Maior de Coimbra e de reabilitação e restauro do Convento de Santa Clara, no Funchal, na Madeira.
O júri foi composto por António Lamas, que presidiu, Gonçalo Byrne, Raquel Henriques da Silva, Rui Vieira Nery e Santiago Macias.
Sobre o projeto do Palácio de São Roque, na capital, foi assinalado que se encontrava em “avançado estado de degradação” e foi distinguido pelo restauro, reabilitação e reutilização, que passou pela recuperação da integridade palaciana do edifício — propriedade da Santa Casa da Misericórdia, no Chiado — e pela adaptação às necessidades de um novo museu, aberto à cidade — Casa Ásia, que expõe a coleção de arte asiática de Francisco Capelo.
Quanto ao Seminário Maior de Coimbra, obra do barroco português, classificada como monumento nacional, “foi alvo de um ambicioso plano de conservação e modernização, de forma a adequar as instalações às exigências contemporâneas”.
Em relação ao projeto de Convento de Santa Clara, no Funchal – classificado como monumento nacional em 1943, e alvo, ao longo dos tempos, de diversas campanhas de obras – o júri quis distinguir “a cuidada e minuciosa investigação, recolha e reposição no local de origem de materiais dispersos”.
A cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian Património realiza-se na quinta-feira, pelas 17h00, na Brotéria, na Rua de São Pedro de Alcântara, com a presença do presidente da entidade, António Feijó, dos membros do júri, bem como representantes de todos os distinguidos.
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