Segundo fontes militares contactadas pela Lusa, o general comunicou “por escrito”, através da rede interna do Exército, que apresentou ao Presidente da República a sua carta de resignação.
“Circunstâncias políticas assim o exigiram”, justificou Rovisco Duarte, que foi escolhido pelo anterior ministro da Defesa, Azeredo Lopes, para substituir Carlos Jerónimo que se demitiu na sequência da polémica que envolveu a direção do Colégio Militar, a propósito de uma alegada discriminação em função da orientação sexual.
Na mensagem que divulgou internamente, dirigida aos civis e militares do Exército, e a que a Lusa teve acesso, Rovisco Duarte faz um breve balanço do seu mandato, que iniciou em abril de 2016 e terminaria em abril do próximo ano.
Rovisco Duarte afirma que, quando assumiu funções, “sabia que ia ser uma campanha dura”, considerando que “a realidade assim o provou”, quer nos assuntos de natureza operacional, quer também “no diálogo institucional com os diferentes atores” e ainda “na resolução dos problemas inopinados e graves que foram surgindo”.
Sem nunca se referir ao caso do furto de material militar de Tancos, cujos desenvolvimentos motivaram a demissão do anterior ministro, Rovisco Duarte diz que quando assumiu funções quis imprimir uma “visão de modernidade, qualidade e equilíbrio” no ramo.
“Comandar é uma grande honra e um desafio único, que exige a todos os que têm o privilégio de o exercer total entrega e dedicação. Mas, ser comandado, visando o cumprimento da missão, não o é menos”, assinala.
O Exército português, defende, “tem de ser capaz de atuar, de forma credível, em todo o espectro da conflitualidade atual, bem como no cumprimento das missões de interesse público”, realidade que diz ter comprovado nos diferentes teatros de operações e no território nacional.
Na sua mensagem, o general sublinha que fez “sentir permanentemente, nos diferentes níveis institucionais e circunstâncias, a necessidade de ser dada satisfação aos seus anseios pessoais, profissionais e familiares”.
Rovisco Duarte refere depois os trabalhos de preparação da nova Lei de Programação Militar, e o novo regime de incentivos e de Contrato Especial, que considera dar condições para “um Exército mais moderno e mais eficiente”.
O general termina a mensagem com uma “palavra de incentivo perante os desafios diários” que se colocam aos militares do Exército.
O mandato de Frederico Rovisco Duarte, que terminaria em abril do próximo ano, estava sob contestação desde o furto de material militar dos paióis de Tancos, divulgado em 29 de junho do ano passado, desde logo, internamente, quando decidiu exonerar, e depois renomear, cinco coronéis no âmbito da investigação interna ao furto.
Aquela decisão motivou a demissão de dois generais do Exército, Antunes Calçada e António Menezes.
A demissão do CEME ocorre dois dias depois da posse do novo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, que substituiu Azeredo Lopes na pasta.
[Notícia atualizada às 19:23]
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