No portal deste ministério foi adicionada uma página na secção para a assessoria de imprensa onde são expostos exemplos de notícias que o Kremlin considera como sendo falsas. Na página, por agora, constam manchetes de publicações prestigiadas como o jornal britânico The Telegraph ou os sites americanos Bloomberg e NBC News.
O que todas têm em comum, além de um carimbo vermelho gigante, é o facto de que todas as peças afetam negativamente a imagem da Rússia, com títulos como “Líder da corrida presidencial francesa diz que está a ser alvo de ataque hacker da Rússia” ou “Vitaly Churkin é a 5ª morte suspeita entre os diplomatas russos nos últimos 3 meses”.
Ao jornal The New York Times, a porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros, Maria Zakharova, diz que “o objetivo [da página] é expor as principais notícias falsas em várias publicações e fazer de tudo para impedir a sua disseminação”. Como a definição varia consoante o "combatente", para Zakharova, que fala em nome do Ministério, notícias falsas podem ser aquelas que não contenham a perspetiva russa, ou as que citem fontes anónimas.
A questão é que a página recém-criada surge num contexto em que a Rússia é acusada por várias frentes de criar notícias falsas e com ela influenciar o rumo de vários países. Destaca-se a polémica relacionada com a eventual forte influência na campanha presidencial norte-americana, onde acusam o país de, com a fabricação de notícias falsas ou de artigos que confundam os leitores, ter ajudado a eleger Donald Trump como 45.º presidente dos Estados Unidos.
A mesma publicação dá um exemplo no artigo em que aborda a novidade na página do ministério russo: em 2014, quando caiu o voo MH17, da Malasya Airlines, a Rússia divulgou factos alternativos sobre o incidente, responsabilizando a Ucrânia pela morte dos 298 civis que iam a bordo. Outra versão de origem russa, era a de que o objetivo real da Ucrânia era atingir o avião do Presidente Vladimir Putin, que voava no mesmo momento que a aeronave da companhia malaia.
Às acusações, Maria Zakharova responde: “Como podem acusar-nos de divulgar informações falsas através das agências do governo e dos media quando vocês também fazem o mesmo? (...) Enquanto publicam esse tipo de notícias sobre a Rússia, os media internacionais estão a fazer a mesma coisa - nunca citam factos concretos - e é um paradoxo triste”, acrescenta ao jornal The New York Times.
Depois de mais este "capítulo", parece que a luta contra as notícias falsas veio para ficar. As acusações surgem de todo o lado e para todo o lado. De Donald Trump, que critica os media norte-americanos de propagarem fake news, passando pelos órgãos de comunicação social e, claro, pelos próprios leitores. É uma batalha que está ainda longe de estar terminada.
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