“Acho que o senhor secretário de Estado não está a fazer um bom papel neste momento e está a incendiar ainda mais as coisas”, disse à Lusa Carlos Costa, da Fectrans.
Na terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, criticou os mestres da Soflusa, empresa que faz a ligação fluvial entre o Barreiro e Lisboa, por apenas quererem uma vantagem salarial para a sua categoria, colocando em causa o equilíbrio das diferentes categorias profissionais.
Também o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, rejeitou hoje os argumentos invocados pelos mestres para a paralisação, uma vez que as novas contratações “estão a decorrer” e porque “não é possível atender” à reivindicação salarial específica.
Quando questionado sobre a posição do Governo, o sindicalista referiu que esta questão devia ser vista “da mesma maneira que outras classes específicas, como os enfermeiros ou os professores, quando pedem alguma coisa para a sua própria categoria”, frisando que “não estão a minimizar” os outros trabalhadores marítimos.
Carlos Costa também assumiu que a contratação de novos profissionais deixou de ser a principal reivindicação, uma vez que isso “já foi assegurado”, mas prevalecem os pedidos de valorização salarial, a formação dos profissionais e o aumento da segurança.
Desde o dia 10 de maio que as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa têm registado várias perturbações devido à falta de mestres, situação que se mantém no dia de hoje, com várias carreiras a serem suprimidas entre as 14:25 e as 20:55.
O cenário piorou com a paralisação parcial de dois dias, que ocorreu no final da semana passada, e com a greve às horas extraordinárias, que se iniciou no dia 23 de maio e se deve prolongar até ao final do ano.
Devido às constantes supressões, que estão a prejudicar milhares de utentes, o presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa (PS), afirmou hoje que “não se pode adiar mais” a resolução do conflito, disponibilizando-se para servir de mediador entre as partes (sindicatos, empresa e Ministério do Ambiente).
No entanto, o sindicalista adiantou que “ainda não foi contactado” pela autarquia.
Ainda assim, agradeceu “todos os contributos para uma conciliação do conflito”, assumindo que há a possibilidade de aceitarem a ajuda.
Já a administração da empresa, contactada pela Lusa, escusou-se a comentar a proposta do município.
A Fectrans esteve hoje reunida com a administração da Soflusa para tratar de assuntos pendentes sobre a regulação de carreiras e espera que nas próximas semanas seja possível avançar “na resolução do conflito”.
Contudo, Carlos Costa garantiu que, “por enquanto”, não estão reunidas condições para desconvocar a greve prevista para a semana de 03 a 07 de junho.
De acordo com os sindicatos, apenas trabalham 21 mestres na transportadora (dos quais três estão de baixa médica), mas são necessários 24, além de se ter verificado um maior “saturamento” da classe, depois de a empresa introduzir uma nova escala de serviços, em abril, com a implementação do passe Navegante.
Na terça-feira, a Soflusa anunciou que vai entrar em vigor um novo horário a partir de 08 de junho, o qual será divulgado em breve e praticado “até ser retomada a normalidade do serviço” na ligação fluvial.
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