O representante da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas (FNSTFPS), Rui Raposo, referiu, após uma reunião com o secretário de Estado da Administração Interna, que houve "poucos progressos" e que saíram do encontro com "poucas expetativas" de ver o problema da extinção da carreira e dos suplementos resolvidos.
Embora a extinção da carreira de guarda-florestal esteja legalmente prevista desde 2006, a federação nacional considera essa política um "erro estratégico grasso para o interesse da floresta nacional".
Quanto aos suplementos reivindicados pelos guardas florestais, Rui Raposo disse que o Ministério da Administração Interna continua a "escudar-se com a posição do Ministério das Finanças de que não está regulamentada a lei sobre a atribuição desses suplementos".
Os guardas florestais, que gozam de estatuto de órgão de polícia criminal, podendo investigar, com a Polícia Judiciária, a origem dos incêndios florestais, entendem que deviam receber os mesmos suplementos que são atribuídos aos profissionais da GNR e da PSP, o que, na prática, não acontece.
Rui Raposo lembrou que, em 2006, quando se deu a extinção da carreira, havia mais de 500 guardas florestais, sendo esse número atualmente de 3007, a esmagadora maioria a norte do Tejo, sobretudo nos distritos de Vila Real e Viseu.
"A sul do Tejo o défice de guardas florestais é muito grande", alertou o responsável sindical, notando que entre as funções destes profissionais está o policiamento e a fiscalização do cumprimento da legislação florestal da caça e da pesca e a investigação das causas de incêndio com a PJ.
Segundo Rui Raposo, a "teimosia" do atual Governo em extinguir a carreira é uma "questão de ordem política" que teve por origem o princípio da "redução das estruturas da Administração Pública". Até então, disse, o Corpo Nacional da Guarda Florestal era uma "estrutura própria" da Direção-Geral de Florestas.
O mesmo responsável é de opinião que o atual Governo insiste na extinção da carreira porque "não quer dar o braço a torcer", cometendo um "erro estratégico” porque “a floresta está a pagar as favas".
A este propósito, salientou que "não é admissível que, numa zona de pinhal interior como aquela em que ocorreram os graves incêndios de há mês, o número de guardas florestais seja zero".
Face à posição do Governo, a FNSTFPS vai propor aos guardas florestais que se prossiga com a luta em defesa dos seus direitos, com uma futura manifestação diante das instalações do MAI, no Terreiro do Paço, Lisboa.
Na manhã de hoje, decorreu também uma vigília de protesto que juntou dezena e meia destes profissionais.
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