Teresa Marques testemunhou hoje no julgamento da ação interposta pelo Ministério Público de “tutela da personalidade" em representação de crianças e jovens participantes no programa, que decorre no tribunal de Oeiras.
A protagonista do programa disse que deu apenas estratégias educacionais às famílias para ultrapassarem os problemas detetados e que não fez qualquer terapia cognitiva comportamental.
“Estas questões como o banquinho da pausa para a criança se acalmar é algo usado em infantários. Trabalho há 19 anos em escolas. É usado em várias escolas. Nunca vi nenhum professor a ser acusado de estar a fazer terapia cognitiva comportamental”, disse.
Para Teresa Marques, este era um programa que fazia falta na televisão portuguesa e que nele assume uma personagem.
“SuperNanny é uma personagem. Não sou eu. A sua tradução para o português pode ser de uma educadora. Nos outros países a maioria não é formada em psicologia” , frisou adiantando que havia uma condição de não escolher crianças com patologias mas apenas com situações normais do dia-a-dia das famílias portuguesas.
As crianças, explicou, não são atores, e este programa é como se fosse um documentário, não existia um guião, e nenhuma situação foi provocada.
Quanto ao possível dano da exposição das crianças, Teresa Marques considera que as crianças estão bem e que "o risco relativo à exposição é um risco que está equilibrado com a oportunidade de melhorar a vida das pessoas".
“O risco não se transformou num dano. Neste momento, passados dois meses, o que me interessa é que as crianças estão bem, as famílias estão bem”, frisou.
Teresa Marques defendeu que tem mais impacto este processo judicial do que a participação no programa.
“Isto sim teve um impacto. Não foi o programa em si, mas tudo o que surgiu depois. Se não fosse toda esta confusão que se criou isto já tinha caído no esquecimento e já ninguém se lembrava”, disse.
Questionada sobre o modo como as outras crianças veem estes episódios, a “SuperNanny” respondeu que estes momentos são vistos de forma positiva.
As crianças, garante, pensam assim: “Olha que giro, apareceste na televisão”.
Com uma das crianças que apareceu no programa, assegura, muitos colegas queriam dar-lhe um abraço e tirar fotos com ela.
O programa ‘SuperNanny’, entretanto suspenso provisoriamente, ficou envolto em polémica logo após a transmissão do primeiro episódio, emitido pela SIC no dia 14 de janeiro.
A estação de televisão SIC suspendeu o programa a 26 de janeiro, depois de uma decisão do tribunal desencadeada por “uma ação especial de tutela da personalidade” interposta pelo Ministério Público (MP).
Nessa ação foi pedido ao Tribunal que fosse decretado, a título provisório e de imediato, que o programa a emitir não fosse exibido ou, "caso o tribunal julgue mais adequado, que essa exibição fique condicionada à utilização de filtros de imagem e voz que evite a identificação das crianças".
Face a esta decisão a SIC suspendeu o programa. A ação interposta pelo MP está agora a ser julgada no tribunal de Oeiras.
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