"O Escritório de Representação de Taiwan na Lituânia inicia oficialmente as suas operações em Vilnius em 18 de novembro de 2021", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros deste território, governado autónoma e democraticamente, mas cuja soberania é reivindicada por Pequim.
Embora a maioria dos países não a reconheça oficialmente, Taiwan tem embaixadas de facto em várias nações, que normalmente usam o nome Escritório Económico e Cultural de Taipé (a sua capital). Esta denominação é tolerada por Pequim, mas não o uso de Taiwan como nome oficial.
Por isso é que a China, por sua vez, chamou à abertura do espaço "um ato extremamente hediondo", dizendo que qualquer movimento em busca da independência de Taiwan está "fadado ao fracasso". "Exigimos que o lado lituano corrija imediatamente a sua decisão errada", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em comunicado.
Em julho, a Lituânia aceitou a abertura de um escritório de representação com o nome de Taiwan, provocando a irritação de Pequim.
A China retirou o seu embaixador de Vilnius e pediu o mesmo à Lituânia. Também paralisou o envio de comboios de mercadorias para o país europeu e suspendeu a emissão de autorizações de exportação de alimentos.
Taiwan e a China continental são estados governados separadamente desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, quando o derrotado grupo nacionalista se refugiou na ilha com a esperança de, eventualmente, recuperar o continente das mãos dos comunistas.
Por alguns anos, muitos países reconheceram o governo de Taiwan como legítimo representante da China. Hoje, no entanto, apenas 15 países mantêm relações diplomáticas com Taipéi, e não Pequim.
No governo do presidente Xi Jinping, a China aumentou a pressão militar e diplomática sobre Taiwan, especialmente desde a eleição, em 2016, da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, que considera a ilha soberana de facto. Com o correr dos anos, a Pequim tem vindo a ensaiar aproximações cada vez mais agressivas ao estado vizinho, que conta com a proteção dos EUA e é (mais) uma fonte de tensão entre as duas superpotências.
Para as autoridades comunistas, o uso oficial da palavra "Taiwan" dá legitimidade internacional ao território. No ano passado, Taiwan usou a nomenclatura ao abrir um escritório na Somalilândia. Este território quase não é reconhecido internacionalmente, ao contrário da Lituânia, que é membro da União Europeia.
"Esta abertura abençoada dará um novo curso promissor às relações bilaterais entre Taiwan e Lituânia", afirmou Taipé, em comunicado.
Em maio, a Lituânia anunciou a saída do fórum de cooperação 17+1 entre China e países do Leste Europeu, alegando ser uma "fonte de divisão".
Políticos da República Checa e da Eslováquia também pressionam por uma aproximação com Taiwan. Em 2019, Praga anulou um acordo com Pequim e assinou um com Taipé. Uma visita do presidente do Senado checo, Milos Vystrcil, a Taiwan em 2020 enfureceu a China.
No mês passado, uma delegação de autoridades taiwanesas visitou Eslováquia, República Checa e Lituânia, o que também irritou Pequim.
A China continua a ser uma importante aliada comercial e diplomática para muitas nações da região, assim como uma fonte preciosa de vacinas contra a covid-19.
Neste contexto de tensão, Taiwan também organizou, nesta quinta-feira, uma cerimónia para o início das operações do primeiro esquadrão de caças F-16 mais avançados, numa base aérea da cidade de Chiayi, no sul da ilha. Estas aeronaves são de fabrico norte-americano.
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