“Eles jogaram como eu gosto de jogar”

Foram as primeiras palavras de José Mourinho na conferência de imprensa após o único jogo que disputou frente à equipa de Nuno Espírito Santo, a contar para a Premier League. Estávamos a 22 de setembro de 2018 e a época não ia longa. Contudo, o United em seis jogos já somava duas derrotas e um empate, após defrontar os Wolves em Old Trafford.

É sabido que a disposição de José Mourinho para com o clube e os seus jogadores, nos últimos meses em que liderou os Red Devils, já não era a melhor, e a frase acima foi, claramente, mais um dos seus alertas aos seus próprios jogadores. Ainda assim o elogio não foi feito em vão, já que o Wolverhampton tem um estilo característico, com onze jogadores aguerridos e certos do que querem, fazendo exactamente o que é pretendido pelo treinador.

A opinião de Mourinho tanto foi verdadeira que continua a mesma. Na conferência de imprensa de antevisão do jogo deste domingo, dia 15, mais elogios e maior realce à forma como a equipa de Espírito Santo se conduz em campo. Segundo o treinador do Tottenham, os Lobos são uma das melhores equipas em Inglaterra do ponto de vista tático. E quando este diz tático, não se refere propriamente ao sistema mas sim, como ele próprio o disse, à forma como jogam. Os seus jogadores são as peças perfeitas para aquele puzzle.

Não só demonstra admiração, como respeito e profundo conhecimento, como é habitual a este nível, pela equipa do agora rival treinador português.

Como se encontram as equipas e o que esperar do encontro deste Domingo?

Wolverhampton Wanderers

Os Wolves têm vindo a solidificar cada vez mais a sua forma de jogar. As mudanças, em relação à temporada passada existem, mas não são exageradas, passam mais pela mudança de um ou dois jogadores e da utilização dos mesmos, do que do sistema em si.

Assim sendo, a equipa de Nuno Espírito Santo continua a ser mortífera no contra-ataque, continua a pressionar imenso, mas normalmente no seu meio campo, para poder assim tirar vantagem do espaço nas costas da defesa. Quando recupera a bola, continua também com o mesmo sistema. Defendendo na forma de 5x4x1 aquando do ataque continuado da equipa adversária, tentando sempre que possível ‘esticar’ o jogo pelas alas e com velocidade, desdobrando os seus elementos para um 3x4x3.

Com um início de época não muito positivo, tendo encontrado o caminho da vitória apenas à sétima jornada, o Wolverhampton parece ter encontrado o rumo certo desde então. Cinco vitórias e cinco empates voltaram a colocar os Lobos no posto onde o seu treinador os quer ver, a lutar por um dos seis primeiros lugares. Enfrentando no Tottenham, precisamente, o sétimo classificado que se encontra a apenas um ponto dos mesmos, os Wolves têm um enorme teste pela frente recebendo a visita de um potencial quarto classificado no final da temporada. Outro dado factual é o da equipa de Nuno ser especialmente perigosa frente equipas que dominam o jogo e que, em teoria, levam vantagem.

Tottenham Hotspur

Com um plantel a precisar apenas de motivação e um ou outro elemento, com uma infra-estrutura extremamente bem montada à sua volta e com um estádio de topo mundial, José Mourinho tem todas as condições para dar aos Spurs o que lhes falta, a conquista de títulos.

Este é um Tottenham que não vai muito ao encontro das equipas de José Mourinho. Uma equipa que marca muitos golos, mas que sofre também ela muito golos. Com quatro jogos jogados para a Premier League, o Tottenham marcou 12 e sofreu 6. Para uma equipa de topo, os golos concedidos poderão ser um problema e é algo em que José Mourinho se irá debruçar, daqui em diante.

Ao contrário do que muito poderão dizer, Mourinho não é um treinador pragmático. É-lo quando tem que ser. Esta equipa, esta estrutura e estes adeptos pedem algo diferente. Conseguir assegurar uma estrutura e consistência defensiva é necessário, mas manter a mesma capacidade jogar um futebol mais fluido e uma facilidade em marcar golos é fundamental. Será esse o grande desafio de José Mourinho.

As mudanças, até ao momento, de José Mourinho

As poucas mas significativas mudanças e opções feitas por Mourinho são claras. A primeira é a da subida de um dos laterais, mais precisamente a de Serge Aurier. Sempre que pode, o lateral costa-marfinense sobe no terreno servindo de apoio e opção atacante na ala direita da equipa. Do lado oposto, Jan Vertonghen junta-se aos centrais e forma, com Toby Alderweireld e Davinson Sanchez um trio de segurança central.

A extração e capitalização da capacidade de passe longo de Toby Alderweireld. Com Son, Ali, Kane e Aurier, as opções do clube londrino começam a expandir-se, não se limitando apenas a um jogo sistematicamente jogado no chão. Ainda que o equilíbrio, até ver, esteja a ser muito bem executado, será interessante perceber as opções de construção daqui em diante e a frequência com que os jogadores começam a optar entre a posse através dos jogadores de meio campo e o passe direto em busca de uma oportunidade imediata ou de uma subida no terreno de jogo, à procura de uma recuperação de bola numa zona alta avançada do terreno.

Dele Ali, claro está. É conhecida a primeira conversa entre o jogador e o treinador, em que José Mourinho perguntou ao médio inglês se era mesmo ele ou se era o irmão dele que ali estava. Quando este respondeu que era ele mesmo, Mourinho terá dito, okay, se assim é, joga como o Dele Ali. E assim foi. Desde então, os números de Dele Ali subiram e este apresenta-se novamente com a motivação de anos anteriores. Mas não foi só isso que mudou. A posição do mesmo sofreu alterações. Desde há algum tempo que Pochettino vinha a jogar o médio numa posição mais recuada no terreno e Mourinho não parece concordar com tal estratégia. Assim sendo colocou o jovem internacional inglês mais perto de Harry Kane e as diferenças são como do dia para a noite. Esta será uma peça importantíssima na manobra do Tottenham e é uma das mais importantes mudanças feitas pelo treinador português desde, a sua chegada ao clube londrino.

Esta semana na Premier League

Aproxima-se um Super Sunday. Com ele, três jogos de fazer crescer água na boca. Um Manchester United vs. Everton, com início marcado para as 14h, assim como o Wolves vs. Tottenham. E para terminar o dia, um enorme Arsenal vs. Manchester City com pontapé de saída marcado para 16h30.