Entre 1997 e 2021 a classe mais alta do WRC eram os World Rally Car. Agora, o topo são os Rally1, que além do motor de combustão interna também têm uma parte elétrica, fazendo deles um carro híbrido.
Com um motor de 1.6 litros turbo, a utilização de um motor elétrico simples coloca a potência em 520cv, ao contrário dos 380cv dos World Rally Car. Com um peso mínimo de 1260kg e com pacote aerodinâmico um pouco menos agressivo que os World Rally Car, os Rally1 são um pouco diferentes, mais parecidos com os modelos 'de estrada', mas, de notar que não têm nada a ver. Um carro de rali precisa de ser muito mais resistente e este são autênticos protótipos.
O motor de combustão interna já tem muitos anos, tal como os motores elétricos. Mas, só em 2022 é que chegaram ao WRC e para 2023 já há atualizações nos Rally1. Como funciona a parte elétrica?
A cada Prova Especial de Classificação (PEC), os pilotos têm disponível um 'boost', que é ativado através do pedal de acelerador. Mas, para tal, os pilotos têm de regenerar energia, através de travagens. Os 130cv adicionais do motor elétrico vêm através do mapa de motor que os pilotos escolhem dentro do carro. Para além de o utilizarem nas PEC, a FIA e os organizadores dos ralis já colocaram que em certas alturas, como as ligações entre PEC e no Parque de Assistência, os carros devem estar em modo 100% elétrico.
Para quem está na estrada a apreciar os carros de rali mais rápidos do planeta, ter atenção a certos pormenores e ter cuidados redobrados:
- Os Rally1 são identificados na carroçaria com a sigla “HY”, representativa da sua mecânica híbrida. Estas marcações estão presentes nas portas, com fundo vermelho, junto do autocolante identificativo do rally. Este deve ser o primeiro pormenor a observar.
- Sempre que se aproximar do carro, deve procurar o sistema de luzes de segurança, colocado no topo do para-brisas e nos pilares laterais. Caso a luz se apresente verde, o carro está seguro e pode ser manuseado. Caso as luzes estejam vermelhas, existe um problema com o sistema elétrico, podendo dar origem a uma descarga elétrica de até 1000 V (!) Neste cenário não se deve aproximar do carro, existindo perigo de morte. Os pilotos no interior não serão afetados, devendo qualquer assistência ser feita por membros da organização. Este mesmo procedimento deve ser adoptado caso não esteja nenhuma das luzes ligadas ou exista alguma incoerência nas mesmas (por exemplo, luz verde no para-brisas e vermelha nos pilares).
Em termos de combustível, de notar também uma tentativa de redução de emissões, com um combustível 100% sustentável. Nestes Rally1, o combustível utilizado é fornecido pela marca alemã P1. Um combustível feito através da mistura de bio-etanol e uma construção molecular de combustível sintético, capturado no carbono e hidrogénio.
Para 2023, depois de um ano do novo regulamento dos Rally1, as equipas presentes no WRC já fizeram atualizações aos seus carros. Na Toyota, novas entradas de ar, para arrefecer o sistema elétrico, novos pormenores aerodinâmicos, o que resultou numa traseira diferente. Também a asa traseira foi alvo de alterações. Para além disso, a marca japonesa olhou para o seu motor de combustão interna e de forma a que a entrega de potência e de binário seja melhor procedeu a algumas alterações.
Na Hyundai, grandes alterações em termos aerodinâmicos no i20. Mudanças na frente e na traseira do carro, as mais significativas no capô e nos arcos frontais. Também uma asa diferente e espelhos. Quanto à M-Sport, que leva o Ford Puma Rally1 aos troços do WRC, a maior mudança foi a... pintura. Apesar disso, a equipa britânica vai trazer melhoramentos ao longo da temporada de 2023.
Apesar do híbrido ter chegado tarde aos ralis, ao contrário da F1 onde já está presente desde 2016, o WRC parece estar em apuros, com rumores de que para o ano de 2025 isto não venha a acontecer. Isto porque o WRC e a Compact Dynamics (fabricante da parte elétrica destes carros) ainda não chegaram a acordo.
Antes do Rali de Portugal, o diretor técnico da FIA Xavier Mestelan Pinon afirmou à publicação DirtFish que têm de "encontrar um novo acordo, se queremos continuar com este fornecedor. Estamos já em discussões. Para nós e para o promotor faz sentido continuar com esta tecnologia, mas ainda não tomamos nenhuma decisão final. Continuamos a discutir".
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