“O Governo vai continuar a trabalhar para reforçar a competitividade desta e das outras indústrias pela inovação e pela melhoria da qualidade, porque é esse o caminho, e não o do baixo custo dos fatores [de produção] que foi o que se tentou no passado com resultados muito desastrosos para o país”, afirmou Manuel Caldeira Cabral em declarações aos jornalistas à margem da convenção internacional da Confederação Europeia da Indústria Têxtil e Vestuário (Euratex), que hoje decorre no Porto e onde participou na sessão de abertura.
Destacando que o setor têxtil e vestuário português foi dado como “condenado” há alguns anos, mas em 2016 “bateu todos os recordes, superando a marca dos 5.000 milhões de euros” de exportações, o governante avançou que este ano “está a crescer também a bom ritmo - 4% - sendo “principalmente interessante” que está a fazê-lo “não apenas no mercado europeu, mas também nos mercados extraeuropeus”.
“Por exemplo, nos EUA está a crescer ao dobro do ritmo da Europa e no Canadá o CETA [Acordo Económico e Comercial Global entre o Canadá e a União Europeia] abre possibilidades de um bom crescimento da indústria portuguesa, ao retirar as tarifas à entrada deste setor, que eram ainda bastante importantes”, afirmou.
Para o ministro da Economia, se a indústria têxtil e vestuário portuguesa “cresceu mais de 44% nos últimos anos”, o facto é que continua a haver “oportunidades interessantes para aproveitar e continuar a crescer” e provar que “certificando-se, melhorando a qualidade, apostando nos trabalhadores e na qualificação” é possível ao setor ter “futuro na Europa, mas principalmente em Portugal”.
“Portugal é um bom exemplo de como a indústria [têxtil e vestuário] não só conseguiu sobreviver, como prosperar com base europeia”, afirmou Manuel Caldeira Cabral, avançando como exemplos de oportunidades a explorar pelo setor a muito boa recetividade da classe média dos países emergentes “às marcas de qualidade europeias” e os desafios relacionados com os novos materiais e têxteis técnicos.
“Os industriais deste setor já demonstraram que sabem inovar, que sabem melhorar a sua produção e que sabem continuar a apostar na qualidade e as estruturas deste ‘cluster’, que incluem o centro tecnológico, as associações do setor e todo o esforço que se tem feito na internacionalização”, sustentou.
Questionado sobre as queixas dos empresários relativamente ao impacto dos custos da energia na competitividade da indústria portuguesa, o governante recordou que “no ano passado a energia elétrica teve em Portugal o menor aumento da última década e, pela primeira vez, um aumento abaixo da taxa de inflação”, mas assegurou que o Governo está “a trabalhar no sentido de reduzir os encargos energéticos, porque é muito importante trabalhar nos custos que afetam a competitividade das empresas”.
Também destacado por Caldeira Cabral foi o facto de a indústria têxtil e vestuário estar hoje não só a contribuir para o crescimento económico, como já vem acontecendo há vários anos, mas desde 2016 “também para o crescimento do emprego”.
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