“Atendendo a que concluímos as operações de refinação no passado mês de abril, infelizmente, não conseguimos encontrar solução para cerca de 150 trabalhadores. Ainda que mantenhamos os esforços no sentido de encontrar soluções e acordos por via de consenso entre as partes, não nos resta outra alternativa do que dar início a um processo de despedimento coletivo”, afirmou o administrador da Galp, Carlos Silva, em declarações à agência Lusa.
A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria de Matosinhos, no Porto, com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.
Após ter decidido o encerramento da refinaria, a Galp encetou conversas individuais com os 401 trabalhadores em causa, chegando a acordo com mais de 40%.
“Dentro desses, mais de 100 continuarão a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país, quer por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos negócios e também para a refinaria de Sines”, precisou Carlos Silva.
Por outro lado, mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos irão manter-se, pelo menos, até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.
Segundo a empresa, ao longo desse processo de descontinuação, caso seja identificadas novas oportunidades de negócio, no âmbito do futuro da refinaria, esses trabalhadores podem ser encaixados, de acordo com as suas qualificações e competências.
Já quanto ao futuro dos terrenos, o administrador da Galp disse que as caraterísticas impostas pelo plano diretor municipal (PDM) serão objeto de “respeito absoluto”, acrescentando que as soluções em estudo estarão alinhadas com os princípios da transição energética.
Em janeiro, a Savannah anunciou que fechou um acordo de princípio com a Galp para a empresa entrar na atividade de exploração de lítio que tem em Portugal.
A empresa de prospeção mineira tem desenvolvido, desde 2017, estudos para um projeto de exploração de feldspato litinífero e subsequente produção de concentrado de espodumena na mina do Barroso, no concelho de Boticas.
Questionado sobre este investimento, Carlos Silva notou que “a cadeia de valor das baterias é um aspeto fulcral”, assumindo o lítio “uma posição relevante” e, por isso, a empresa está a “procurar soluções para desenvolver essa cadeia de valor”.
A Galp decidiu concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos.
Num comunicado enviado ao mercado em dezembro de 2020, a Galp disse que “continuará a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos”, e que está a “desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”.
A empresa acrescentou que as “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto covid-19 originaram um impacto significativo nas atividades industriais de ‘downstreaming’ da Galp”, e afirmou que “o aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão”.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
Comentários