“Em 2021, a nossa projeção é terminar o ano com cerca de 1.360 pessoas com contrato interno [face às 860 no final de 2020] e, envolvendo também os nossos parceiros subcontratados, o número [de colaboradores da empresa] deverá andar nas 1.500 pessoas”, avançou o diretor financeiro da empresa em entrevista à agência Lusa, no âmbito do terceiro aniversário da empresa.
Segundo Paulo Guedes, cerca de 900 pessoas ficarão adstritas às instalações do Porto da Critical Techworks e as restantes às de Lisboa, sendo “a grande maioria” portugueses.
“Uma estratégia que, entretanto, implementámos e que tem provado dar frutos é recorrermos muito mais a parceiros externos (em Portugal) e, por isso, estamos cada vez mais a envolver a economia local e empresas locais do setor do ‘software’ com especialidades próprias e que são interessantes para nós”, referiu.
Assim, disse, aos cerca de 860 trabalhadores internos da Critical Techwoks no final de 2020 juntam-se mais algumas centenas de subcontratados, num total que “ultrapassou certamente as 1.000 pessoas” no ano passado.
Traduzindo este crescimento dos quadros, a empresa aponta para um crescimento da faturação na ordem dos 60% este ano, face aos cerca de 52 milhões de euros de 2020, prevendo manter este ritmo também em 2022.
“O ano [passado] correu muito bem e as perspetivas continuam muito boas”, disse à Lusa Paulo Guedes, apontando apenas um pequeno período de “alguma incerteza a nível global” na primeira metade de 2020, na sequência da pandemia, e que, “tal como a vários outros setores, afetou o setor automóvel”.
“Principalmente no primeiro semestre, houve uma grande incerteza sobre quais poderiam ser os reais impactos da pandemia no setor automóvel e ao que poderia estar sujeito num cenário pós pandemia. Portanto, tivemos alguns atrasos em alguns projetos, mas não tivemos nenhum cancelamento, apenas alguns projetos que deviam ter começado no primeiro semestre começaram só no segundo, quando as perspetivas começaram a ser melhores”, precisou.
Com “mais de 90%” dos projetos atualmente em curso a prolongarem-se para 2022, a que se juntarão novos projetos já “em avaliação” com o grupo BMW, a Critical Techworks prevê para 2022 “um ritmo de crescimento igual ao de 2021 e de 2020”, não vislumbrando ainda “quaisquer sinais de abrandamento” da atividade.
De acordo com o diretor financeiro da empresa, estas boas perspetivas resultam quer da aposta do grupo automóvel alemão nos dois novos modelos elétricos — BMW i4 e iX — que terão uma forte presença da tecnologia portuguesa integrada, quer também dos “novos paradigmas de globalidade e do acrescentar de nova capacidade ao carro, que passa a ser quase tratado como um ‘device'”.
“O carro tipicamente é algo fixo, quando o compramos sabemos que tem determinadas características. Mas não há necessidade que seja assim, atualmente a tecnologia já não justifica que o seja. É possível fazer-se ‘upgrade’ a um carro como se faz ‘upgrade’ a um telemóvel, instalando uma nova ‘app’, uma nova funcionalidade ou um novo serviço dentro do carro. E é nisso que estamos a trabalhar atualmente”, explicou Paulo Guedes.
Nos dois novos modelos elétricos i4 e iX, cujo lançamento no mercado europeu está previsto para novembro, “grande parte da tecnologia foi desenvolvida pela Critical Techworks, desde a tecnologia embebida ao nível dos controladores das viaturas aos sistemas de ‘infotainment’ [do inglês ‘information+entertainment’].
Como exemplos, o responsável financeiro apontou o Spotify a bordo ou o serviço de mapas, com todos os serviços inteligentes com ele relacionados, como, por exemplo, a capacidade de detetar se há lugares de estacionamento livres no local de destino.
Salientando que um automóvel “tem atualmente centenas de unidades de controlo internas das mais diversas funções, desde a estabilidade ao clima da viatura (como o controlo do ar condicionado)”, Paulo Guedes disse que “tudo isso foi desenvolvido já pela Critical Techworks”.
Já ao nível do sistema de ‘infotainment’, acrescentou, os dois novos modelos elétricos contam com a próxima geração de ‘infotainment’ da BMW, que foi também desenvolvida pela Critical Techworks”, assim como o foram “todos os ‘displays’ e serviços a bordo da viatura”.
O diretor financeiro destaca que “ainda há muita inteligência que precisa de ser embutida nos veículos” e “muitos desafios que têm ainda de ser endereçados”, nomeadamente ao nível da comunicação entre veículos e com a infraestrutura, e avança como exemplo a condução autónoma, onde se estão ainda “a dar os ‘babysteps'” (primeiros passos).
“Daí não estarmos a ver um abrandamento nas necessidades que vão surgindo ao nível do grupo e que são guiadas pelas necessidades que o próprio mercado tem”, rematou.
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