"Começaram por rasgar contratos firmados, continuaram, voltando com a palavra atrás, e rasgaram compromissos estabelecidos quanto à descida do IRC, prosseguiram rasgando a ideia de que não haveria mais agravamentos fiscais e avançando para um imposto sobre o património imobiliário. Ao passarem a vida a rasgar contratos e compromissos, o Governo e os seus ajudantes do BE e do PCP acabaram a rasgar a confiança em Portugal", disse, sobre a "consequência perversa da ação da geringonça".
Em debate parlamentar de urgência requerido pelo PSD sobre "captação de investimento e crescimento económico", o parlamentar social-democrata defendeu que falhou a estratégia de esperar que fosse o consumo das famílias a puxar pelo crescimento económico, "acompanhado de uma consequência perigosíssima: este Governo e os seus ajudantes do PCP e do BE mataram qualquer ideia de uma alternativa imediata porque mataram o investimento privado, nacional e estrangeiro".
"Quem os viu e quem os vê é o comentário mais apropriado quando olho para a geringonça e os oiço falar de investimento, crescimento e défice", criticou Campos Ferreira, sublinhando que, se "o investimento era escasso até 2015", "hoje é muito mais" e, "para compensar os desvarios, o Governo corta, corta no investimento público e os seus ajudantes do PCP e do BE", segundo o deputado do PSD, "veem e calam-se".
O Governo 'esquiva-se' com números
O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que tinha a seu lado os secretários de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, da Energia, Jorge Seguro Sanches, e dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, preferiu sinalizar estatísticas e indicadores contrários.
"Não faz sentido um discurso derrotista, negativista. Faz sentido sim um discurso de quem quer mais, exige mais e diz que a economia portuguesa está a crescer e queremos que cresça ainda mais", declarou o responsável governamental.
Caldeira Cabral vincou que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 esteve quase "um ano a desacelerar, embora com crescimentos positivos" e que há agora "indicações positivas" no segundo e terceiro trimestre de 2016.
"Queria salientar quatro sinais de confiança eventualmente ignorados por falta de tempo no discurso do deputado Campos Ferreira. Se compararmos o primeiro semestre de 2015 com o de 2016, temos um aumento de investimento estrangeiro produtivo de 70% na indústria transformadora, aumentou 60% no imobiliário, em todos os setores exceto um - no setor das telecomunicações porque houve a compra da PT pela Althis", argumentou o ministro da Economia.
O tutelar da pasta económica citou ainda vários projetos de investimento privado entretanto anunciados e o "aumento de 7% do investimento por parte de empresas não financeiras", bem como a criação de 89 mil empregos e a "enorme aceleração da procura de fundos estruturais".
"O único investimento que realmente baixou foi o investimento público. Conhecem os procedimentos concursais para o lançar, demora tempo", justificou, exemplificando com a medida de lançar 100 milhões de euros de investimento em eficiência energética, defendendo que tal vai beneficiar a administração pública, criando emprego e que "vai baixar a prazo a despesa pública".
Antes, Campos Ferreira tinha prognosticado que, "hoje, pode viver-se na ilusão dos amanhãs que cantam, mas não será por muito tempo".
"Como toda a gente sabe, só se pode distribuir a riqueza que se cria e hoje, infelizmente, o país quase não cria riqueza. É esta a herança histórica que a geringonça está a acumular. Um dia, para tentarem sobreviver, ainda acabam divorciados uns dos outros, mas a verdade é esta: com divórcio ou sem divórcio, serão julgados pelo falhanço e fracasso das políticas", sentenciou.
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