A intenção original dos autores do estudo não era caçar provas sobre a propagação das notícias falsas ou do alegado conluio entre membros da administração Trump e a Rússia. O motivo para a investigação foi o atentado durante a Maratona de Boston em 2013. Segundo revelou o investigador principal do estudo, um analista de dados do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), após o referido ataque, reparou que grande parte das notícias que estava a ler, eram falsas. E decidiu mergulhar no assunto com a sua equipa. O resultado, esse, foi publicado esta quinta-feira na revista Science.
Os autores do estudo recolheram dados do Twitter relativos a um período de 12 anos. Tudo somado, acabaram com um conjunto de dados composto por 126 mil notícias que foram partilhadas 4.5 milhões de vezes por 3 milhões de pessoas. Para conduzir a investigação, escolheram 'tweets' relacionados com as notícias que foram analisadas por seis organizações independentes de verificação factual — sites como por exemplo o PolitiFact, Snopes ou FactCheck.org — que posteriormente utilizaram para comparar com as notícias que tinham sido dadas como verdadeiras mas que se revelaram serem falsas.
E chegou-se à conclusão que aquelas que continham teor adulterado foram, em média, difundidas de forma mais rápida e ampla que as verdadeiras, segundo os investigadores do MIT. É que as informações verdadeiras requerem mais tempo (seis vezes mais) que as falsas para chegar a 1.500 pessoas.
A diferença é ainda mais acentuada para notícias de teor político do que para aquelas relacionadas com terrorismo, catástrofes naturais, ciência, "lendas urbanas" e de economia. Embora a maior dos internautas esteja preocupada com a difusão de notícias falsas por parte de "bots" — programas informáticos que o fazem em larga escala de forma automatizada — o estudo revelou que a propagação deste tipo de informações se deve sobretudo à ação humana.
Esta propensão para difundir informações falsas pode dever-se, segundo o estudo, ao seu caráter de novidade e ao facto de conseguirem surpreender mais os leitores que as informações verdadeiras. As contas de Twitter que publicam informações falsas têm em média menos seguidores, seguem menos contas e são menos ativas que as contas dos que 'tweetam' informações verdadeiras.
A investigação do Procurador Especial Robert Mueller, encarregado de investigar a alegada interferência da Rússia nas eleições americanas de 2016, fez muita referência ao uso dos "bots". Segundo a investigação, estes foram utilizados para favorecer o republicano Donald Trump, que derrotou nas eleições a democrata Hillary Clinton, e para acentuar a polarização na população americana.
No final de fevereiro, o Twitter publicou novas regras que procuram limitar a influência dos "bots" no funcionamento normal daquela rede social.
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