Há dez dias uma app portuguesa chegou ao topo da tabela da loja portuguesa de aplicações da Apple. É uma meta que qualquer empresa de aplicações gosta de alcançar, porque num universo de milhões de aplicações, onde os jogos assumem grande protagonismo, não é todos os dias que há uma aplicação portuguesa a liderar este ranking. O JITT.Travel é aplicação de viagens ou para quem viaja e o que a torna original é a possibilidade de usar o tempo como fator-chave na escolha de um percurso turístico.
“Se há alguma coisa que nem a pessoa mais rica do mundo pode comprar é tempo, por isso é precioso”. É assim que Alexandre Pinto, CEO do JiTT.travel, a startup sediada em Coimbra que desenvolveu esta aplicação, descreve a originalidade da proposta. “Há muitas aplicações com guias de viagens, mas a nossa escolhe os percursos em função do tempo que o utilizador tem disponível, os horários e a localização do utilizador. Tendo sempre em atenção os seu interesses e o rigor histórico nos textos e audio-descrições dos locais”.
Historiadores 2.0
A história do JiTT.travel – JiTT de Just in Time Tourist – começa precisamente com uma grande paixão pela história com letra maiúscula. “No inicio éramos um grupo de historiadores, que resolveu aprender a programar, para fazer guias de viagens que não nos dissessem o mesmo que a wikipedia”, conta Alexandre Pinto. Neste momento o JiTT.travel tem conteúdos de mais de 30 cidades em todo o mundo, e aos historiadores já se juntaram programadores e designers.
Nunca tinham estado no top de apps em Portugal, provavelmente porque começaram por desenvolver guias para cidades estrangeiras e com maior fluxo de turismo, como Londres ou Pequim.
Só em Dezembro de 2015 saiu a aplicação de Lisboa. Este ano, uma parceria estratégica com o Turismo de Portugal está a levar a empresa a centrar esforços nas cidades do nosso país e, atualmente, já pode se podem encontrar guias de cidades como Elvas e Porto.
O rigor dos conteúdos e a preocupação de ter uma contextualização cultural especifica valeram ao JITT a distinção como “best practise” pela OMT - Organização Mundial do Turismo, um organismo das Nações Unidas, em 2015. “ Um chinês não terá o mesmo entendimento sobre o mosteiro dos Jerónimos que um ocidental, tal como um ocidental quando vê a muralha da China fá-lo condicionado pelas suas referências culturais. Por isso, os conteúdos do guia de Lisboa são diferente nas versão chinesa e alemã”.
A empresa já teve várias rondas de investimento nos últimos 2 anos, porque o esforço financeiro para a criação de cada guia é avultado. Todos os guias são desenvolvidos em vozes nativas e o vocabulário e a perspetiva cultural são sempre adaptados.
Segundo o fundador da empresa, o JiTT "é como aquele aquele amigo, que vive na cidade que vamos visitar, que a conhece como a palma das mãos, sabe uma série de histórias e curiosidades e que fala a nossa língua". E que está disponível desde que aterramos até à hora do regresso, acrescentamos nós.
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