Numa conferência sobre os desafios da indústria discográfica mundial, o músico norte-americano Ne-Yo disse que a maneira como as pessoas consomem música mudou, mas a legislação não acompanhou essa mudança e os artistas e compositores não estão receber a devida remuneração pelo que fazem.
E deu um exemplo: Na plataforma de 'streaming' Pandora, um milhão de audições de uma música representam um retorno de 90 dólares para o compositor. "Já estive duas vezes no congresso [norte-americano] para tentar que prestem atenção aos músicos mas as leis não mudaram ainda".
Tinie Tempah, 'rapper' britânico e com uma carreira mais curta que Ne-Yo, partiu da própria experiência para explicar como trabalha neste mercado. "Eu beneficiei das novas tecnologias porque não havia editoras que me quisessem. Usei as plataformas MSN, Messenger, criei um grupo de fãs e envolvi-os nas minhas músicas, partilhei fotos, canções de forma gratuita. Comecei por aí", disse.
Do lado de empresas digitais como a Deezer e o SoundCloud, a perspetiva é de entusiasmo, tendo em conta a evolução tecnológica que permite escutar e comprar música em diferentes plataformas e a capacidade que existe de se perceber o que é o que consumidor gosta.
"Há de facto mais oportunidades a aparecer. Ainda estamos no começo no que toca a pagamentos e à capacidade de ter receitas. Em 2015 começámos a crescer em termos de receitas e este ano e os próximos os crescimento vai depender do 'streaming'. Eu penso que temos um futuro brilhante, mas os últimos anos foram dolorosos", disse Eric Wahlforss, co-fundador do SoundCloud.
Sendo uma combinação de rede social com plataforma de escuta de música 'online', o SoundCloud consegue perceber quem são os seus utilizadores. " Toda a gente fala de 'millenials', a geração que cresceu com o iPod. O comportamento é muito diferente. Esta nova geração está a crescer já com o iPhone, como um supercomputador e isso é um desafio ainda maior", disse.
Hans-Holger Albrecht, responsável pela plataforma Deezer, concorda que é preciso envolver mais diretamente os artistas e os utilizadores no consumo de música. "Para os artistas é uma grande oportunidade. E do lado do utilizador sabemos o que ouvem a determinado momento. É uma experiência individualizada, mas muito ativa.
Tinie Tempah resume o desafio atual do mercado, que não deverá agradar às editoras discográficas: "Todos ficarão satisfeitos quando os artistas começarem a fazer negócios diretamente com as plataformas de 'streaming' e puderem usar a informação de forma transparente e colaborativa".
A Web Summit, uma das maiores conferências internacionais sobre tecnologia digital e empreendedorismo, com a presença pela primeira vez em Lisboa de mais de 50 mil empresários e investidores, termina hoje.
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