“A metamorfose dos pássaros”, primeira longa-metragem de Catarina Vasconcelos, “combina experimentações estilísticas de uma forma musical, em que cada elementos se torna uma parte inseparável de uma gloriosa sinfonia”, afirmou o júri.
O filme de Catarina Vasconcelos tinha sido selecionado para a competição de primeiras obras europeias.
Na competição de curtas-metragens estavam as produções portuguesas “Dia de festa”, de Sofia Bost, “Noite Perpétua”, de Pedro Peralta, “Vulcão, o que sonha um lago?”, de Diana Vidrascu, e “Lá fora as laranjas estão a nascer”, de Nevena Desivojevic.
O prémio de melhor curta foi atribuído a “Journey through a body”, de Camille Degeye.
A 25.ª edição do festival começou no dia 19 e, pela primeira vez, decorreu apenas em formato digital, ‘online’, por via das medidas restritivas do governo lituano, de resposta à pandemia da covid-19.
De acordo com a organização, todos os eventos públicos foram cancelados e mais de metade dos filmes programados foram exibidos em ‘streaming’ pago.
O filme de Catarina Vasconcelos teve estreia mundial em fevereiro passado no festival de cinema de Berlim, onde foi distinguido pela Federação Internacional de Críticos (FIPRESCI) como o melhor filme da nova secção competitiva “Encontros”.
Depois de Berlim, o filme foi exibido em festivais nos Estados Unidos, Rússia e Colômbia, e estava prevista a presença noutros eventos de cinema, mas a pandemia da doença covid-19 alterou o plano de divulgação internacional, porque muitos foram adiados, como contou à Lusa Ana Isabel Strindberg, da agência Portugal Film.
“Está a ser um desafio, é uma nova dinâmica, com trabalho redobrado a contactar festivais. Isto tudo tem implicações, estamos a tentar perceber o que se está a passar e não podemos estar parados”, disse a responsável, apostando agora nos festivais que estão marcados mais para o final do ano.
Antes de “A metamorfose dos pássaros”, Catarina Vasconcelos fez a curta-metragem “Metáfora ou a tristeza virada do avesso” (2014), em contexto académico, em Londres.
Os dois filmes aproximam-se em aspetos formais e temáticos e interligam-se, porque em ambos Catarina Vasconcelos filmou a família, abordando a relação dos pais e a morte da mãe na curta-metragem, e a história de amor dos avós e a morte da avó paterna – que nunca conheceu – na longa-metragem.
“Eu queria que [o filme] fosse sobre esta família, mas que pudesse falar com outras pessoas. […] O tempo que ele demora é quase o tempo que eu demoro a conseguir sair de mim para chegar aos outros. Consegui libertar-me da minha família e do medo de inventar sobre eles, para poder inventar à vontade. Isso foi muito importante”, contou, em entrevista à agência Lusa.
É por isso que Catarina Vasconcelos apresenta “A metamorfose dos pássaros” como um ‘documentário-ficção’, um filme que está no meio, um “híbrido de formas” baseado nas memórias das infâncias e juventudes da família e preenchido pela ficção.
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