“Vai ser difícil outro país alcançar o alto nível de representação que Portugal conseguiu. Estamos encantados com o programa completo e excelente de atividades culturais oferecido”, resumiu hoje à agência Lusa o diretor da Feira Internacional de Madrid, Manuel Gil.
O certame foi visitado por cerca de 2,2 milhões de pessoas, 66% dos quais mulheres, que gastaram 8,8 milhões de euros, um aumento de 8% em relação à edição anterior, segundo dados provisórios revelados.
Para Manuel Gil, Portugal vai “deixar um rasto” e, na edição da feira do próximo ano, deverá haver uma programação especial dedicada a esse país, independentemente de quem seja convidado em 2018.
Os reis de Espanha inauguraram a Feira de Madrid em 26 de maio último, acompanhados pelo Presidente da República portuguesa, Marcelo Ribeiro de Sousa, com uma visita a algumas das 367 bancas de 488 expositores presentes.
O filósofo, ensaísta, professor e intelectual português Eduardo Lourenço abriu com uma conferência, no mesmo dia, o programa de atividades da feira que nos dias seguintes foi visitada pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, para falar apenas em algumas das personalidades que visitaram o certame.
“Foi uma experiência única e estivemos no centro da atenção turístico-literária em Madrid”, disse à Lusa o embaixador de Portugal em Espanha, Francisco Ribeiro de Menezes, acrescentando que “a mancha e a qualidade da mancha da passagem de Portugal [pela feira] excedeu as expectativas”.
A representação diplomática portuguesa em Madrid organizou a presença do país na feira, com um orçamento inferior a 170.000 euros, tendo programado mais de cem atividades culturais ao longo dos 17 dias em que a feira esteve aberta, com a participação de 40 escritores em língua portuguesa, sete deles de países africanos e americanos, e uma centena de profissionais do setor.
“Todos os indicadores levam a pensar que, em termos de repercussão futura, a nossa presença pode ter deixado uma marca, mas ainda é cedo para avaliar o efeito multiplicador a prazo”, afirmou Ribeiro de Menezes
Segundo dados da embaixada portuguesa, houve mais de 200 notícias na imprensa escrita ou audiovisual espanhola sobre as atividades propostas, com entrevistas a autores lusófonos e a representantes institucionais.
“A franquia ficou alta”, assegura o conselheiro da Cultura da embaixada portuguesa, Pedro Berhan da Costa, acrescentando que “muita gente manifestou interesse” em organizar mais atividades culturais conjuntas em Madrid, sendo agora necessário dar continuidade a essas expectativas.
Sem contar com a representação institucional, a presença comercial de Portugal foi assegurada pela livraria portuguesa Ler Devagar, a única com um 'stand' na Feira de Madrid.
“Foi um sucesso estrondoso”, resumiu à Lusa José Pinho, responsável da Ler Devagar, acrescentando que, “a partir de agora, a livraria vai regressar todos os anos, porque esta feira vende muito”.
A Ler Devagar vendeu “mais de 2.000 livros” em português e espanhol de autores portugueses e faturou mais de 20.000 euros, o que deu para pagar as “despesas de funcionamento" do 'stand' alugado.
“Ao contrário do que pensava, acho que há uma grande procura de autores portugueses em Espanha”, disse José Pinho, muito admirado por o preço de aluguer do 'stand' ser mais barato do que o da Feira do Livro de Lisboa, e por o desconto exigido aos expositores ser de 10%, inferior ao da capital portuguesa, que é de 20%.
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