“A metamorfose dos pássaros” é a primeira longa-metragem de Catarina Vasconcelos e foi considerada pelo júri FIPRESCI o melhor filme da secção competitiva Encontros.
Para o júri, esta é uma “estreia profundamente pessoal, terna e poética” de Catarina Vasconcelos e o filme representa “uma evocação, em forma de cinema, profundamente bela sobre o passado, delicada como as asas de um pardal e frágil e complexa como uma ‘assemblage’ de [artista visual e realizador] Joseph Cornell”.
“A metamorfose dos pássaros” fez hoje a estreia mundial no Festival de Cinema de Berlim, na recém-criada secção competitiva Encontros, um dia depois de ter sido apresentado à imprensa.
De acordo com a agência Portugal Film, “A metamorfose dos pássaros” tem já exibição garantida em mais de dez festivais internacionais, em países como Grécia, Estados Unidos, Polónia e Reino Unido.
Catarina Vasconcelos, 33 anos, demorou-se seis anos na criação deste filme, depois de ter feito a primeira curta-metragem, “Metáfora ou a tristeza virada do avesso” (2013), em contexto académico em Londres.
Os dois filmes aproximam-se em aspetos formais e temáticos e interligam-se porque Catarina Vasconcelos filmou a família, abordando a relação dos pais e a morte da mãe na curta-metragem, e a história de amor dos avós e a morte da avó paterna – que nunca conheceu – na longa-metragem.
“Eu queria que [o filme] fosse sobre esta família, mas que pudesse falar com outras pessoas. […] O tempo que ele demora é quase o tempo que eu demoro a conseguir sair de mim para chegar aos outros. Consegui libertar-me da minha família e do medo de inventar sobre eles, para poder inventar à vontade. Isso foi muito importante”, contou em entrevista à agência Lusa.
É por isso que Catarina Vasconcelos apresenta “A metamorfose dos pássaros” como um ‘documentário-ficção’, um filme que está no meio, um “híbrido de formas” baseado nas memórias das infâncias e juventudes da família e preenchido pela ficção.
Sobre este filme, Catarina Vasconcelos fala de “um processo altamente íntimo e pessoal”, na conjugação da montagem de som e imagem, devedora de uma relação que a realizadora tem com as artes plásticas e descrita como “uma coisa muito analógica, de bricolagem”.
Há planos que parecem pinturas ou fotografias animadas, composições visuais encenadas e metafóricas, cheias de simbolismos, sobre a passagem do tempo e sobre a omnipresença da natureza.
“Todo este lado que vem mais das artes plásticas foi muito importante e o filme não podia ter sido construído noutro sítio. Foram as soluções que encontrei para dar resposta a coisas que eu sentia”, explicou.
“A metamorfose dos pássaros” foi produzido por Pedro Duarte e Joana Gusmão, com apoio financeiro do Instituto do Cinema e Audiovisual, RTP e Fundação Calouste Gulbenkian.
O Festival de Cinema de Berlim termina no domingo.
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