Onde ver?
A 63.ª edição dos Grammy, que chegou a estar marcada para 31 de janeiro, terá como anfitrião Trevor Noah, o apresentador do "The Daily Show".
Para além das plataformas online, em Portugal, a transmissão dos prémios poderá ainda ser vista em dois canais por cabo. O direto da 'passadeira vermelha' acontece a partir das 23h00 de domingo, 14 de março, no E! Entertainment; já a cerimónia em si é transmitida a partir das 00h45 na SIC Caras.
Os nomeados
Beyoncé é quem soma mais nomeações, em nove categorias, nomeadamente as de Gravação do Ano e de Melhor Performance R&B, com a música "Black Parade". "Black is king", que a cantora lançou este ano na plataforma Disney +, está indicado também para Melhor Filme Musical.
Com seis nomeações cada, seguem a cantora britânica Dua Lipa, o rapper norte-americano Roddy Ricch e a cantora norte-americana Taylor Swift.
Para o Grammy de Álbum do Ano estão nomeados "Chilombo", de Jhené Aiko, o disco homónimo dos Black Pumas, "Everyday life", dos Coldplay, "Djesse vol. 3", de Jacob Collier, "Women in music Pt. III", das Haim, "Future Nostalgia", de Dua Lipa, "Hollywood's Bleeding", de Post Malone, e "Folklore", de Taylor Swift.
Para esta edição, há a registar várias estreias em nomeações, nomeadamente do cantor Harry Styles, em três categorias com o álbum "Fine Line", os sul-coreanos BTS, nomeados para Melhor Performance em Duo ou Grupo, e os Strokes para Melhor Álbum Rock com "The New Abnormal".
Nas categorias de Melhor Canção Rock e Melhor Performance Rock dominam as mulheres, estando nomeadas Fiona Apple, Brittany Howard, Haim, Grace Potter, Phoebe Bridgers e Big Thief, liderados por Adrianne Lenker.
Pela primeira vez na história não há nenhum artista masculino nomeado para um Grammy na categoria, criada em 2012, de Melhor Performance Rock.
Este ano volta a haver nomeações a título póstumo, nomeadamente do músico John Prine, que morreu em abril passado, e que está indicado em duas categorias com o tema "I Remember Everything", e do cantautor Leonard Cohen, que morreu em 2016, mas de quem foi editado o último álbum de estúdio, "Thanks for the Dance", indicado para Melhor Álbum Folk.
No capítulo da lusofonia, destaque para a nomeação de Bebel Gilberto para o Grammy de Melhor Álbum de Música do Mundo com "Agora", e do guitarrista Chico Pinheiro para o Grammy de Melhor Álbum de Jazz Latino com "City of Dreams".
Paul McCartney, que acumula 18 Grammy, regista a 79.ª nomeação para os prémios, desta vez como diretor artístico de uma edição especial do álbum "Flaming Pie".
A lista completa dos nomeados pode ser consultada aqui.
Os portugueses na corrida
Maria Mendes está indicada para o Grammy de Melhores Arranjos, Instrumentais e Vocais, com o tema "Asas Fechadas", de Amália Rodrigues, que gravou no álbum "Close to me", com John Beasley e a Metropole Orkest, orquestra de jazz sinfónico da Holanda.
A cantora está nomeada juntamente com Jacob Collier ou Pat Metheny. Em entrevista ao SAPO24, conta como recebeu a indicação (que considera "uma honra") e partilhou qual seria a sua reação caso ganhasse. "Não sei como é que iria reagir num próximo encontro com o Pat Metheny, que é para mim um Deus na terra (...) O que é que lhe iria dizer? Finalmente conhecemos-nos cara a cara, adoro-te, gravei as tuas músicas e olha ganhei-te no último Grammy…".
O produtor André Allen Anjos, que vive há mais de dez anos nos Estados Unidos, está novamente nomeado para a categoria de Melhor Gravação Remisturada, do tema original de Phil Good "Do you Ever". Em 2017 foi o primeiro português a ganhar um Grammy, também nesta categoria.
Outro produtor português, Holly, tem o seu nome inscrito nos créditos de "Planet's Mad", álbum do norte-americano Baauer nomeado para o Grammy de Melhor Álbum de Dança/Eletrónico. Irmão de DJ Ride, o caldense é responsável pela coprodução de oito dos temas de "Planet's Mad", tendo também assinado uma remistura da canção 'Home'. A competir com "Planet's Mad" nos Grammys estão álbuns de Arca ("KiCk i"), Disclosure ("Energy"), Kaytranada ("Bubba") e Madeon ("Good Faith").
Entre os nomeados está também, na categoria de Melhor Compilação de Banda Sonora para Media Visual, a banda sonora do filme "Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga", que conta com o tema "Amar pelos Dois", de Salvador Sobral.
As ausências e as críticas
Foi a primeira ausência sentida depois de conhecidas as nomeações e, além da crítica especializada, foi uma das vozes a insurgir-se. Falamos de The Weeknd, claro.
O cantor canadiano, que em 2020 lançou "After Hours", recorreu ao Twitter para reagir e criticar a Recording Academy, responsável pela entrega dos prémios. "Os Grammys continuam corruptos. Devem-me, a mim, aos fãs e à indústria, alguma transparência", escreveu.
The Weeknd era tido como um dos favoritos, sobretudo com o tema “Blinding Lights” — a primeira canção a passar um ano inteiro no Top 10 da tabela Hot 100 da Billboard. Abel Tesfaye (nome no BI) facilmente seria apontado para várias categorias, entre elas as de “Melhor Álbum do Ano”, “Melhor Álbum de R&B”, “Melhor Canção do Ano” e “Melhor Canção de R&B”. Tal não aconteceu e esta quinta-feira o músico, que tem regresso agendado a Portugal em dose dupla em 2022, foi mais longe.
De acordo com várias publicações norte-americanas, como o The New York Times, The Weeknd pretende boicotar os prémios por tempo indefinido. A decisão, que passa pelo pedido à sua editora para não submeter o seu trabalho à Academia, prende-se com o secretismo que as nomeações envolvem.
A polémica não é apenas deste ano, não sendo esta a primeira vez que artistas acusam os prémios de preconceito contra mulheres e artistas negros, e reclamam de um sistema de votação que consideram opaco, injusto e inacessível. Nem The Weeknd é caso único nesta edição.
A cantora Halsey também se manifestou, depois de não ter sido nomeada. "Podem resumir-se a dar concertos privados, conhecer as pessoas certas, fazer campanha com o aperto de mão certo e com subornos ambíguos o suficiente para o não serem", disse, nas stories do Instagram. A autora de "Without Me" acrescentou ainda que "ir a certos programas de televisão" garante nomeações para os Grammys, que diz "nem sempre representarem a música ou a qualidade ou a cultura".
Também o ex-One Direction Zayn Malik, que nunca foi nomeado, lançou duras críticas aos prémios. Na sua conta no Twitter, o artista defendeu que a Recording Academy faz "favores". "A menos que apertes a mão e mandes prendas, não há nomeações. No próximo ano, mando-lhes um cesto de doces", disse.
Outra das ausências mais notadas, mas aqui sem reação, foi a de Bob Dylan. O prémio Nobel da Literatura e mestre do cancioneiro norte-americano, que já venceu dez Grammy e conta com 38 indicações, estava elegível com o primeiro álbum de originais editado nos últimos oito anos, "Rough and Rowdy Ways".
Já Justin Bieber queixou-se por estar nomeado na categoria errada com o seu álbum "Changes". "O que eu quis fazer foi um álbum de R&B", escreveu, no Instagram. "O 'Changes' foi e é um álbum R&B. E não foi visto como tal, o que para mim é estranho", acrescentou.
Quem vai atuar — e o pedido de Bruno Mars
A cerimónia será adaptada ao cenário da pandemia, sem audiência, apenas com os apresentadores e artistas convidados a atuar durante a emissão.
E lista é longa. Sobem ao palco do Los Angeles Convention Center, em Los Angeles: Bad Bunny, Black Pumas, Cardi B, BTS, Brandi Carlile, DaBaby, Doja Cat, Billie Eilish, Mickey Guyton, Haim, Brittany Howard, Miranda Lambert, Lil Baby, Dua Lipa, Chris Martin, John Mayer, Megan Thee Stallion, Maren Morris, Post Malone, Roddy Ricch, Harry Styles e Taylor Swift.
Mais há mais um nome, entretanto acrescentado. Na verdade até são dois. O projeto Silk Sonic, de Bruno Mars e Anderson Paak, também irá atuar depois de um auto convite e uma resposta bem-humorada por parte da Academia.
Numa carta aberta aos Grammy, publicada no Twitter, Bruno Mars falou ao coração dos prémios e pediu trabalho para "dois músicos desempregados".
"Acabámos de lançar uma música e dava jeito a promoção (...) Há algum tempo que já não atuamos e gostávamos de cantar. Até vos mandamos uma cassete e fazemos todos os testes covid que sejam necessários. Só queremos dar um concerto", escreveu o músico de "Uptown Funk".
A resposta da Academia veio no mesmo tom e foi positiva. "Tentámos ligar a semana toda, mudaste de número? Adorávamos que a estreia televisiva dos Silk Sonic fosse nos Grammy. Estás livre no próximo domingo à noite? Responde que mandamos mais detalhes por mensagem privada", responderam também via tweet.
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