A Intersindical vai assinalar o Dia do Trabalhador deste ano com concentrações, desfiles e manifestações em todos os distritos e regiões autónomas, com os devidos cuidados para evitar a propagação da covid-19, mas sem deixar de tornar esta data numa jornada de luta.

A manifestação na avenida dos Aliados, no Porto, e a da Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, são normalmente o ponto alto das comemorações e este ano voltarão a sê-lo, embora com muito menos participantes, para garantir o distanciamento social imposto pelas regras de combate à pandemia da covid-19.

"O 1.º de Maio terá uma componente de comemoração, mas será também uma grande jornada de luta, de reafirmação das reivindicações dos trabalhadores", disse à agência Lusa a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.

As comemorações do Dia do Trabalhador da CGTP vão decorrer sob o lema "Lutar pelos direitos, combater a exploração" e vão reafirmar a defesa do emprego, do crescimento dos salários, do horário semanal de 35 horas e da melhoria dos serviços públicos.

Isabel Camarinha, eleita secretária-geral da CGTP em fevereiro de 2020, vai poder este ano, pela primeira vez, subir ao palco junto à fonte Luminosa, para discursar para os manifestantes que ocuparão o relvado da Alameda Afonso Henriques, ainda que não seja possível juntar a multidão de outros anos.

Em 2020, a CGTP desafiou o confinamento, ignorou as críticas e comemorou, como sempre, o 1.º de Maio na Alameda, embora apenas com algumas centenas de pessoas, que, disciplinadamente ocuparam lugares pré-marcados no relvado com vários metros de distância entre si.

Mas, devido aos constrangimentos sanitários, Isabel Camarinha não pôde contar com a companhia da restante direção da central quando fez uma breve intervenção político-sindical, sem palco.

Antes da pandemia da covid-19, o Dia do Trabalhador da CGTP incluía iniciativas em mais de 40 localidades, com o ponto alto em Lisboa, com o numeroso desfile do Martim Moniz para a Alameda Afonso Henriques, onde era aguardado por milhares de populares em ambiente de festa.

Para este ano estão previstos dois pequenos desfiles, com saída do Campo Pequeno e dos Anjos, que convergirão para os relvados frente à Fonte Luminosa, "sempre cumprindo as regras sanitárias".

O coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa (USL), Libério Domingues, explicou à Lusa que a opção pelos dois desfiles na capital foi tomada por causa da pandemia, porque "assim será mais fácil aos participantes manter o distanciamento ao entrarem na Alameda e ocuparem o seu lugar no relvado".

O desfile que vai sair do Campo Pequeno integrará os participantes do distrito de Lisboa, enquanto o que vai sair dos Anjos, integrará os participantes dos concelhos da margem sul do Tejo, que entrarão primeiro na alameda, liderados pela direção da CGTP.

Libério Domingues assegurou que os dois desfiles vão realizar-se respeitando as regras de distanciamento e na Alameda, tal como no ano passado, serão marcados os lugares de cada um no chão.

Os organizadores combinaram ainda com a polícia os locais onde os 15 autocarros que vêm da margem sul devem estacionar para a saída de manifestantes e onde os irão recolher no final, para evitar "grande movimento de pessoas nessas alturas".

O sindicalista disse que é difícil fazer estimativas quanto ao número de participantes, mas o recinto está a ser preparado para cerca de 2.500 pessoas.

A UGT optou por comemorar o 1.º de Maio com uma conferência sobre os desafios da negociação coletiva, porque considera que não ficava bem ir para a rua em plena pandemia.

"Não quisemos vir para a rua na situação de grande incerteza que o país vive. Por isso optámos por comemorar a data com uma conferência que decorrerá de forma virtual e em presença", disse à agência Lusa o secretário-geral da UGT, Carlos Silva.

A central sindical vai assinalar o Dia do Trabalhador com uma conferência sobre "Os desafios da negociação coletiva, bloqueios e oportunidades", que terá como oradores os antigos ministros do Trabalho Paulo Pedroso e José António Vieira da Silva.

Os painéis de debate serão compostos pelos líderes dos principais sindicatos da UGT, que "terão assim oportunidade de apresentar as suas queixas em matéria de negociação coletiva".

O secretário-geral da Federação dos Sindicatos da Administração Pública, José Abraão, é um dos queixosos nesta área e disse à agência Lusa que "este 1.º de Maio, mesmo sem comemorações na rua, será um grande momento de reflexão porque a pandemia trouxe ao de cima velhos problemas que não podem ser esquecidos".

A conferência vai decorrer no auditório da sede da UGT, com a presença de apenas 60 pessoas, que é cerca de um décimo da capacidade do espaço, devido à exigência de distanciamento social, e terá transmissão em direto no site da UGT.

Carlos Silva fará no final uma intervenção, que não será apenas de encerramento do encontro, mas será também uma intervenção sindical de 1.º de Maio, que abordará, entre outros temas, o do aumento da pobreza entre os trabalhadores.

"O 1.º de Maio será sempre muito importante para nós e gostaríamos de o celebrar na rua, mas como respeitamos a regras, vamos comemorar desta forma", referiu.

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