Por vezes criticado dentro da Igreja, amado pelo povo. Como o Papa Francisco uniu e dividiu
O mundo despede-se hoje de Francisco, o Papa que uniu o povo. Dos ateus aos mais jovens, muitos criaram pela primeira vez uma conexão com uma figura da Igreja através do Papa Francisco. Uma estrela da internet, conhecia os riscos da desinformação e o potencial abuso da inteligência artificial. Abriu portas, quebrou estereótipos e deixou, muitas vezes, os preconceitos de lado para que "todos, todos, todos" se sentissem acolhidos.
Ainda assim, foi alvo de críticas inúmeras vezes dentro da Igreja. Desde os católicos aos cardeais mais conservadores, muitas reformas do Papa Francisco foram incompreendidas e suscitaram discórdia dentro da instituição milenar. Mas, o que fazia Francisco ser tão criticado e, simultaneamente, tão querido pelas mesmas razões?
Traditionis Custodes
Em 2021, Francisco assinou um decreto, "Traditionis Custodes", que limitou drasticamente o uso da missa em latim, revogando um documento mais flexível emitido pelo antecessor, Bento, XVI em 2007.
A decisão provocou incompreensão e raiva entre parte do clero e os católicos apegados à chamada missa "tridentina", e alguns acusaram o Papa de impedir que praticassem a sua fé.
Entre os católicos de extrema direita, o Papa argentino também foi criticado pelos seus apelos a favor dos imigrantes, já que alguns temem a perda da identidade do que consideram a Europa cristã.
Cardeais "traidores"
O Papa Francisco provocou a ira de alguns cardeais, que seriam em tese os seus colaboradores mais próximos, mas também dos que ocupam os postos mais importantes depois de si na hierarquia eclesiástica.
Em 2017, o jesuíta argentino aproveitou a mensagem de felicitação de Natal à Cúria para repreender, sem citar nomes, os "traidores" que prejudicavam a sua reforma das instituições.
Em janeiro de 2023, depois da morte do polémico cardeal australiano George Pell, um jornalista italiano revelou que este tinha escrito uma nota anónima que atacava o Papa.
Pell, que foi um conselheiro próximo de Francisco, destacou no texto o pontificado "desastroso em vários aspetos" e apontou o que considerava "graves fracassos" na diplomacia, enfraquecida pela guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
Alguns meses depois, cinco cardeais conservadores expressaram publicamente as suas "dúvidas” quanto ao Papa, uma vez que temiam uma mudança de doutrina sobre a homossexualidade ou a ordenação das mulheres.
Expulsões no Vaticano
Em novembro de 2023, o Papa destituiu o bispo americano Joseph Strickland, numa decisão rara. Conservador, e um dos inimigos mais ferrenhos de Francisco, tinha criticado anteriormente a postura branda do Papa no que diz respeito ao aborto, aos homossexuais e aos divorciados.
Em julho de 2024, o bispo ultraconservador italiano Carlo Maria Vigano, de 83 anos, conhecido pelas suas críticas severas ao pontificado, foi excomungado por rejeitar a autoridade do chefe da Igreja Católica. O embaixador da Santa Sé nos Estados Unidos, pró-Trump e negacionista, tinha acusado Francisco de "heresia" e de comportamento "tirano".
Fiducia supplicans
Em dezembro de 2023, o Vaticano publicou um documento chamado "Fiducia supplicans" ("Confiança suplicante"), que abriu o caminho para a bênção de casais do mesmo sexo, o que provocou indignação no mundo conservador, em particular na África e nos Estados Unidos.
A onda de críticas obrigou o Vaticano a "esclarecer" a sua posição e a defender-se de qualquer erro doutrinal, apesar de ter reconhecido que a reforma seria "imprudente" em certos países onde a homossexualidade é proibida.
Estilo de vida
Já entre os motivos que fizeram um grande número de pessoas “de fora” sentirem uma maior conexão com o Papa Francisco, o estilo de vida simples e acessível é diversas vezes mencionado. Francisco recusou vários privilégios papais e a proximidade que adotou com o povo criou um grande sentimento de empatia entre o povo e o pontífice.
Díalogo inter-religioso
Foram inúmeras as vezes em que o Papa Francisco tentou adotar um diálogo inter-religioso, especialmente com judeus, muçulmanos e ateus. A posição, que não só é um sinal de maturidade espiritual como humana, contribuiu para importantes apelos de paz e liberdade religiosa.
Modernização do discurso
A forte presença nas redes sociais não foi a única maneira que Francisco adotou para chegar aos mais jovens. Através de uma linguagem inclusiva, empática e simplificada, é justo dizer que chegou a “todos, todos, todos”.
O Papa Francisco não parte como uma figura unânime entre todos. No Vaticano, deixa feridas abertas, especialmente com aqueles que acreditam numa doutrina firme e conservadora. No entanto, deixa uma grande inspiração e alguma realização para aqueles que acreditam numa Igreja mais aberta e misericordiosa.
*Edição por Ana Maria Pimentel
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